Em meio ao coronavírus, Brasil vive surto de sarampo
Metas de imunização feitas em 2019 não foram cumpridas

Foto: Reprodução/G1
Enquanto enfrenta a epidemia do coronavírus, o Brasil também convive com um surto de sarampo, doença que pode ser prevenida com vacina. Entre janeiro e maio de 2020, o país teve 3.629 casos confirmados da doença, em 20 estados. O Pará concentra a maior parte dos registros, seguido de Rio de Janeiro e São Paulo. Para especialistas, o surto, que teve início no ano passado, quando 18 mil casos foram confirmados, é reflexo da queda generalizada da cobertura vacinal no Brasil.
Nenhuma das vacinas dadas a crianças de até um ano de idade alcançou a meta em 2019. Desde 2016, o país não cumpre a meta de vacinação da tríplice viral (para sarampo, caxumba e rubéola), estabelecida em 95%. O índice caiu para 90,52% em 2017, subiu para 92,64% em 2018 e voltou a cair no ano passado, quando fechou em 90,77%. "Não existem dúvidas sobre a relação direta entre a queda da cobertura vacinal e o surto de sarampo", afirma a epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações) do governo federal de 2011 a 2019.
"A conta é simples: precisamos vacinar em torno de 2,8 milhões de crianças por ano. Se deixamos de vacinar cerca de 10%, como vem acontecendo nos últimos três anos, temos por volta de 280 mil crianças sem vacina a cada ano.", explica. O Brasil chegou a receber, em 2016, o certificado de país livre do sarampo, perdido no ano passado, devido aos novos 18 mil casos.
Em todo o mundo, 2019 também foi tido como o pior dos últimos 20 anos nos registros de sarampo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). O país mais afetado é a República Democrática do Congo (RDC), onde mais de seis mil crianças morreram vítimas da doença. Foi o pior surto de sarampo em um único país desde a invenção da vacina contra o vírus, em 1963.