Entenda como tarifaço de 50% de Trump pode impactar nas exportações de carne do Brasil aos EUA
Depois da China, país norte-americano é o 2º maior comprador da carne brasileira, com vendas em alta devido à diminuição do rebanho nos EUA

Foto: Alan Santos/PR e Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O Brasil passou a vender mais carne bovina para os Estados Unidos neste ano, mesmo com a tarifa adicional de 10% que o presidente Donald Trump impôs aos produtos brasileiros, no mês de abril.
No entanto, o anúncio repentino de aumentar a taxa para 50%, a partir de 1º de agosto, pode inverter as expectativas do setor. Agora, as vendas brasileiras aos norte-americanos devem ficar praticamente "inviáveis", caso não ocorra uma negociação.
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Apesar deste contexto, uma queda nas vendas não seria algo desprezível para os produtores brasileiros. Conforme a avaliação do analista do Safras & Mercados, Fernando Henrique Iglesias, a tendência é que os frigoríficos nacionais se direcionem ainda mais para o mercado asiático.
"Os frigoríficos vão tentar redirecionar esse produto para o mercado internacional para não gerar um efeito tão negativo. [...] A nossa sorte é que tem mais 100 países comprando carne do Brasil", citou.
Isso deve ocorrer porque os EUA são o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, visto que o primeiro é a China. Segundo o Ministério da Agricultura, enquanto os norte-americanos importam 15% do volume que o Brasil vende para o exterior, os chineses levam quase metade.
Os estadunidenses também devem se preocupar com a inflação da carne bovina para o consumidor local. O índice aumenta cada vez mais devido a uma redução histórica do rebanho do país, o que encarece o preço do boi. Como o preço está custando duas vezes mais que o boi brasileiro, ocorreu a disparada nas importações da carne.
Segundo dados do Safras & Mercado, o preço da carne brasileira era o mais barato do mercado externo. No período de Maio, os Estados Unidos pagaram, em média, US$ 6.143 por tonelada pela carne do Brasil. Com a nova taxa, o analista Iglesias afirma que o produto brasileiro deve perder competitividade.
"Com o adicional de tarifas, a carne bovina brasileira deve atingir o valor de US$ 8.415 por tonelada", pontuou.
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