Escândalo de Fraude Abala a Americanas em Processo de Recuperação Judicial
Evidências de manipulação contábil e práticas fraudulentas levantam preocupações sobre a situação financeira da rede varejista
Foto: Agência Brasil
Americanas, uma importante rede varejista atualmente em recuperação judicial, anunciou hoje uma descoberta perturbadora. De acordo com um comunicado divulgado pela empresa, foram encontradas evidências de fraude nas demonstrações contábeis. Durante uma reunião do conselho de administração, os assessores jurídicos da Americanas apresentaram um relatório preliminar, apontando que as demonstrações financeiras foram manipuladas pela gestão anterior da empresa.
Segundo o comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os documentos analisados revelam que a antiga diretoria da Americanas estava envolvida em práticas fraudulentas, ocultando a verdadeira situação financeira e patrimonial da companhia, enganando tanto o conselho de administração quanto o mercado em geral.
O relatório, baseado em documentos fornecidos pelo comitê de investigação independente, revelou que vários contratos de verba de propaganda cooperada (VPC) e instrumentos semelhantes foram artificialmente criados pela gestão anterior. Esses contratos, que não envolviam fornecedores reais, tinham o objetivo de melhorar os resultados operacionais da empresa ao reduzir os custos. Estima-se que essas práticas contábeis fraudulentas tenham atingido um saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022, com base em números preliminares e não auditados.
Os registros contábeis relacionados a esses contratos de VPC foram predominantemente lançados como redutores da conta de fornecedores, totalizando cerca de R$ 17,7 bilhões em 30 de setembro de 2022. A diferença de R$ 4 bilhões foi registrada em outras contas de ativos da empresa.
Além disso, a gestão anterior contratou uma série de financiamentos sem as devidas aprovações societárias, totalizando aproximadamente R$ 18,4 bilhões em operações de financiamento de compras e R$ 2,2 bilhões em operações de financiamento de capital de giro. Essas operações foram inadequadamente contabilizadas no balanço patrimonial da empresa em 30 de setembro de 2022.
A Americanas ressaltou que os ajustes contábeis apresentados no relatório preliminar ainda não são definitivos e estão sujeitos a alterações. A empresa está trabalhando para concluir os ajustes e reapresentar os demonstrativos financeiros históricos devidamente auditados. A administração espera um impacto significativo desses ajustes nos resultados mais recentes.
O relatório também aponta a participação do ex-CEO Miguel Gutierrez e de outros seis diretores e executivos da empresa na fraude. Todos os envolvidos foram afastados de seus cargos.
