Estrangeiros já representam 4% das contratações com carteira; quase metade são venezuelanos
Entre 2020 e 2025, há um salto de quase 200% no número de não brasileiros contratados

Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Em meio ao salto na imigração de países da América Latina para o Brasil e à taxa de desemprego mais baixa da história, os estrangeiros já respondem por 4% das contratações do mercado formal de trabalho brasileiro, e quase metade deles é da Venezuela.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, apenas entre janeiro e outubro de 2025, o saldo entre admissões e demissões de pessoas de outras nacionalidades ficou positivo em 73,4 mil vagas, ante um total de 1,8 milhão de novos postos de trabalho no período.
O resultado é superior aos 71,1 mil registrados em todo o ano passado, quando os estrangeiros também representaram cerca de 4% dos empregos com carteira assinada, e corresponde a um salto de 196,2% em relação a 2020, quando tem início a série do Caged pela metodologia atual.
As principais nacionalidades entre os contratados são venezuelanos, que representam 47,8% do total de estrangeiros admitidos neste ano, seguidos por haitianos (8,2%), argentinos (4,8%) e paraguaios (4,3%).
A participação de trabalhadores estrangeiros no mercado formal vem crescendo de forma consistente. Em 2020, quando o mercado de trabalho como um todo eliminou vagas em razão da pandemia, o saldo foi de 24,8 mil contratações. Em 2021, o número caiu para 5,2 mil, o equivalente a 0,19% do saldo total. Já em 2022, saltou para 35,9 mil (1,78%), e, em 2023, alcançou 47,3 mil, o que representou 3,2% do total.
Esse movimento está relacionado, em parte, ao forte fluxo migratório para o Brasil observado entre a década passada e a primeira metade desta década.
De 2010 a 2025, cerca de 182,2 milhões de estrangeiros entraram no país pelos postos de fronteira, enquanto 184,2 milhões deixaram o Brasil. Com isso, o saldo migratório ficou negativo em pouco mais de 2 milhões de pessoas no período, segundo dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“Em termos líquidos, quando há mais saída de brasileiros do que entrada de estrangeiros, perdemos mão de obra. Mas, por outro lado, estamos ganhando com os estrangeiros que vêm ao Brasil”, afirma Bruno Imaizumi, economista especializado em mercado de trabalho da 4intelligence.
Além da maior disponibilidade de mão de obra estrangeira, o avanço das contratações ocorre em um contexto de queda contínua da taxa de desemprego. Em 2021, a desocupação era de 12,1%; em 2022, recuou para 8,3%; em 2023, para 7,6%; e, em 2024, atingiu 6,2%. No trimestre encerrado em outubro deste ano, a taxa ficou em 5,4%, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012, segundo o IBGE.


