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Brasil

Estudantes brasileiros barrados de entrar na França temem perder bolsas de estudo

Grupo se mobiliza nas redes sociais para chamar atenção das autoridades

Por Ane Catarine Lima
Ás

Estudantes brasileiros barrados de entrar na França temem perder bolsas de estudo

Foto: Getty Images

Devido ao aumento de casos da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a França proibiu a entrada de brasileiros no país. Para tentar reverter essa situação, estudantes e pesquisadores brasileiros que se veem prestes a perder as bolsas de estudo ou o início das aulas no país lançaram uma campanha internacional para que o governo francês suspenda o bloqueio que os impede de viajar. Além disso, o grupo, formado por cerca de 850 pessoas que passaram em exames e processos seletivos, mandou uma carta ao governo francês pedindo a liberação.

Integrante do grupo, a engenheira química Ana Paula Amorim, de 25 anos, contou ao Farol da Bahia que um dos objetivos da movimentação dos estudantes e pesquisadores é conseguir que a educação para intercambistas seja considerada um “motivo imperioso”, uma exceção para que possam entrar na França. Ela disse ainda que, diferente da maioria das pessoas que fazem parte do grupo, já está com o visto em mãos. Contudo, devido a proibição do governo francês, também está proibida de entrar no país.  

“Eu sou engenheira química e faço mestrado em engenharia industrial na UFBA. Recentemente, consegui uma oportunidade para contribuir com um projeto em uma universidade na França, mas, infelizmente, o governo francês restringiu mais a entrada de brasileiros e retirou os estudantes e pesquisadores dos motivos imperiosos de entrada no país. Além de mim, existem outros estudantes e pesquisadores na Bahia e em todo o Brasil que estão na mesma situação e correm o risco, assim como eu, de perder bolsas e vagas em instituições francesas”, disse.

Com o objetivo de chamar a atenção das autoridades, os estudantes criaram o movimento “Étudier Est Impérieux”. A iniciativa busca auxílio nacional e internacional para que o estudo seja visto como motivo imperioso. Caso os estudantes consigam essa aprovação por parte do governo francês, o país passa a considerar a entrada de estrangeiros no país durante a pandemia. Até o momento, segundo Ana Paula, os intercambistas continuam aflitos com a situação, principalmente porque continuam sem receber respostas.

“Já se passaram dois meses e a gente ainda está nessa situação. Continuamos perguntando se tem alguma estimativa de quando irão liberar a entrada de estrangeiros no país e eles não falam. Eles não dizem qual é a estimativa. Meu caso é muito particular porque estou indo estudar em um projeto de pesquisa particular, mas a maioria das pessoas do grupo estão indo para iniciar a graduação ou o mestrado na França. Nesse caso, o maior problema é que as aulas começam agora no mês de setembro e como na França a questão da vacinação contra a Covid-19 já está avançada é bem provável que essas aulas iniciem presencialmente. Essas pessoas vão perder aula ou vão perder bolsa porque, infelizmente, também tem um prazo para que a matrícula seja efetuada na instituição”, explicou a engenheira.  

“Muitas pessoas ainda precisam ver toda a questão do visto, que normalmente precisa ser iniciado o processo para emissão dois meses antes. Ou seja, as fronteiras fechadas e a impossibilidade de emissão de vistos podem fazer com que muitas pessoas percam a suas bolsas. E, até o momento, nós não temos respostas”, completou.

Segundo ela, após duas semanas de movimento, eles conseguiram chamar a atenção de alguns órgãos da França e conseguiram também contato com o Itamaraty. “Em um primeiro momento, quando o movimento ainda estava fraco, o Itamaraty se absteve da situação e falou que não tinha o que fazer, que o jeito era aguardar. Mas com mais pessoas e veículos de comunicação se mobilizando com o movimento, o Itamaraty informou que já está em contato com órgãos franceses em busca de uma solução. Essa é a única informação que temos até agora, mas é tudo muito incerto porque ninguém diz nada. Simplesmente nos informam que está sendo conversado e ainda não foi tomada nenhuma providência. Gosto de deixar claro que nós do movimento não estamos impondo nada. Estamos bem pacíficos e sempre enfatizando que estamos dispostos a seguir todos os critérios de restrições sanitárias que eles impuserem”, disse.  

Senadora francesa se manifestou em apoio aos estudantes brasileiros:

“Não há razão para impedir que os alunos continuem sua carreira universitária, especialmente se eles forem vacinados e fizerem exames”, afirmou a senadora no Twitter.

Desde o dia 23 de abril, a Embaixada da França no Brasil suspendeu a emissão de vistos a estudantes e pesquisadores, pois a categoria deixou de fazer parte dos motivos considerados imperiosos. No último dia 9 de junho, o país francês chegou a flexibilizar a entrada de pessoas de alguns países, mas o Brasil segue restrito por fazer parte dos países considerados em zona vermelha, a mais perigosa em relação ao coronavírus. Entretanto,  o embaixador da França na Índia, país que também tem a categoria vermelha, anunciou que os estudantes do país teriam a chance de receber vistos de entrada. Sobre essa controvérsia, a embaixada dos dois países e o Itamaraty não se pronunciaram. 

Veja quem pode viajar para a França:

De acordo com o site da Embaixada da França no Brasil, cidadãos franceses, seus cônjuges e filhos; cidadãos da União Europeia que possuam residência na França; brasileiros que possuam autorização de residência ou visto de longa duração no país e funcionários em missões diplomáticas podem viajar ao país. Estudantes não são citados. Além disso, a França obriga que todas as pessoas permitidas a entrarem no país apresentem um teste negativo para a Covid-19. Também é obrigatória uma quarentena de 10 dias.
 

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