Estudo da ONU alerta para aumento de incêndios florestais
Especialistas alertam que problema deve crescer 50% até o fim do século
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Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgados nesta quarta-feira (23), mostram que alterações climáticas e mudanças no uso da terra tornam os incêndios florestais mais frequentes e intensos, com aumento previsto de até 50% até o fim do século. Até o Ártico, praticamente imune, enfrenta risco crescente de incêndios florestais. Segundo o levantamento, a crise climática e a mudança no uso da terra resultarão em aumento global de incêndios extremos de até 14% em 2030, 30% até o final de 2050 e 50% até o fim do século.
"Os relâmpagos e o descuido humano sempre causaram incêndios descontrolados, mas as mudanças climáticas causadas pela atividade humana, as mudanças no uso da terra e a má gestão da terra e das florestas fazem com que o fogo encontre com mais frequência as condições certas para ser destrutivo", diz o estudo, que contou com a participação do Centro ambiental norueguês Grid-Arendal.
Além de destruir grande parte de alguns dos últimos refúgios de biodiversidade do planeta, como o Pantanal no Brasil, os incêndios emitem enormes quantidades de gases poluentes para a atmosfera, facilitando o aumento das temperaturas e da seca. Atualmente, as respostas diretas aos incêndios florestais recebem mais da metade dos gastos relacionados, enquanto o planejamento e a prevenção recebem menos de 1%.
Dessa forma, segundo o levantamento, é importante que a comunidade internacional, por meio das Nações Unidas, também se envolva na gestão do fogo, que até agora é quase de responsabilidade exclusiva dos governos nacionais. "Os incêndios florestais devem ser colocados na mesma categoria de resposta humanitária global que os grandes terremotos e inundações", observou o estudo.
De 2002 a 2016, cerca de 423 milhões de hectares foram queimados a cada ano, uma área total equivalente à da União Europeia. A África é o continente mais afetado, acumulando cerca de 67% da área global queimada anualmente. Os especialistas alertam que os incêndios florestais afetam desproporcionalmente as nações mais pobres do mundo e têm impacto que se estende por dias, semanas e até anos após o desaparecimento das chamas.