Estudo mostra que Soja contribuiu para 10% do desmatamento na América do Sul nas duas últimas décadas
Extensão da área desmatada no período quase corresponde ao tamanho da Bahia

Foto: Reprodução/Money Times
A soja foi responsável por 10% do desmatamento ocorrido em duas décadas na América do Sul. Apesar de ficar atrás da pecuária bovina em áreas devastadas diretamente, o cultivo do grão teve papel central na dinâmica de especulação fundiária que incentiva o desmate: só no Brasil, o país com maior destruição de biomas (especialmente o Cerrado e a Amazônia), dobrou o número de área dedicado ao plantio no mesmo período.
Liderada por Matthew Hansen, da Universidade de Maryland (EUA), a pesquisa é uma colaboração entre cientistas de Estados Unidos, Brasil e Argentina. O trabalho combinou imagens de satélite tiradas ao longo de duas décadas com observações feitas em terra para estimar quanto a cultura da soja impactou diferentes tipos de vegetação no continente.
O longo período estudado permitiu que fossem incluídas no mapa terras desmatadas primeiro para acomodar bois, e só depois convertidas em campos de plantio do grão. Em artigo na revista "Nature Sustainability", os cientistas apontam que as áreas de plantações de soja duplicaram na América do Sul durante o período. A extensão foi de 26,4 milhões para 55,1 milhões de hectares, quase do tamanho do estado da Bahia.
Na Floresta Amazônica, a área da soja se multiplicou por onze no período (de 400 mil para 4,6 milhões de hectares). Para mapear o Brasil, o trabalho contou com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). "A descoberta mais importante do nosso estudo está ligada à atribuição da soja como causa precedente da derrubada de florestas no contexto de perda total de floresta na América do Sul", afirma Hansen.