Ex-CEO da Americanas afirma que acionistas participaram ativamente da gestão financeira da empresa
Declaração com 17 páginas foi enviada à CPI das Americanas, que não apontou qualquer culpado pela suposta fraude
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Americanas, na Câmara dos Deputados, não apontou qualquer culpado pela suposta fraude bilionária na varejista. O relator, deputado Carlos Chiodini (MDB), alegou que não foi possível "identificar" quem foram os autores dos prováveis crimes.
Por outro ldo, o ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, enviou à CPI uma carta de 17 páginas em que acusa os acionistas de referência da companhia: Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, de participarem ativamente da gestão financeira da empresa.
“Me tornei conveniente ‘bode expiatório’ para ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”, afirma ele em um trecho no documento.
Gutierrez ainda afirma que, após a fusão da Americanas com a B2W, teve papel “mais estratégico” e não atuava em todas as áreas, que tinham departamentos autônomos: “Como é notório, e como consta inclusive do famoso livro que conta a sua trajetória empresarial, o 3G (acionistas de referência) participa ativamente da gestão das empresas de seu portfólio e controla rigorosamente suas finanças”.
Ele também defendeu não saber do "problema contábil" na companhia, mas afirmou que a empresa enfrentava uma grave dificuldade financeira.
A varejista pediu recuperação judicial em janeiro deste ano, após anunciar um rombo de R$ 20 bilhões no balanço de 2022 e anos anteriores.