Ex-vereador e cantor Netinho de Paula realizou empréstimos com agiota do PCC, conforme denúncia do MP
Netinho foi mencionado na denúncia. Doze pessoas foram denunciadas por envolvimento com a facção, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e vários outros crimes
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Foto: Reprodução/Redes sociais
Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP) mostrou que o cantor e ex-vereador Netinho de Paula realizava empréstimos com Ademir Pereira de Andrade, agiota do Primeiro Comando da Capital (PCC).
No documento, ao todo 12 pessoas foram denunciadas — incluindo Ademir e oito policiais civis — por estarem envolvidos com a facção, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e vários outros crimes.
A apuração possui ligação com Vinicius Gritzbach, delator do PCC que foi assassinado em 2024.
De acordo com a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Ademir trabalhava como operador financeiro da facção criminosa e foi apelidado de "Banco da gente" pelo artista.
O MP acessou conversas entre Ademir e Netinho "que evidenciam a prática criminosa de empréstimo a juros". O conteúdo foi conseguido depois da quebra de sigilo telemático do celular do agiota que foi apreendido pela polícia.
Outro trecho da denúncia revelou uma articulação entre o operador financeiro do PCC e o músico para beneficiar integrantes da facção que estavam detidos. Quando a conversa ocorreu, Décio Português e Fuminho, chefes do PCC, cumpriam pena na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).
O cantor ainda mandou dois anexos com informações sobre inspeções do Ministério dos Direitos Humanos em presídios e uma visita técnica da Comissão dos Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados para investigar aparentes denúncias de violações dos direitos humanos na Penitenciária e Mossoró.
Entenda a denúncia
De acordo com a investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os 12 acusados trabalhavam em conluio com o PCC, utilizando a estrutura do Estado para beneficiar a facção criminosa.
Além da denúncia, o MP solicitou que os suspeitos paguem pelo menos R$ 40 milhões devido ao "dano causado pelos crimes cometidos, bem como ao ressarcimento por dano moral coletivo e dano social".
O documento indica a existência de um esquema criminoso contendo policiais civis e empresários que utilizavam a estrutura do Estado para terem vantagens ilícitas. De acordo com o MP, delegados e investigadores se juntaram a criminosos para modificar órgãos como a Polícia Civil em objeto de enriquecimento ilícito e proteção ao crime organizado.
O trabalho do esquema na organização criminosa não se resumia a corrupção e lavagem de dinheiro. Os denunciados ainda realizavam tráfico de drogas, homicídios e sequestros. Um dos exemplos que constam na denúncia é o assassinato do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, morto a tiros durante o dia no Aeroporto de Guarulhos, pondo a vida de várias pessoas em risco.
De acordo com o documento, Vinicius Gritzbach delatou alguns dos envolvidos.
Agora, a Justiça de São Paulo deverá definir se consente ou não a denúncia do Ministério Público contra os denunciados para a continuação das investigações.
Denunciados pelo Ministério Público
Ademir Pereira de Andrade
Ahmed Hassan Saleh
Eduardo Lopes Monteiro (investigador da Polícia Civil)
Fabio Baena Martin (delegado da Polícia Civil)
Marcelo Marques de Souza (investigador da Polícia Civil)
Marcelo Roberto Ruggieri (investigador da Polícia Civil)
Robinson Granger de Moura
Rogerio de Almeida Felicio (policial civil)
Alberto Pereira Matheus Junior (delegado da Polícia Civil)
Danielle Bezerra dos Santos
Valdenir Paulo de Almeida (policial civil)
Valmir Pinheiro (policial civil)