Exclusivo: Éden Valadares diz que Neto tem postura de "valentão" e critica sem apontar soluções
Presidente do PT Bahia fez uma análise do atual cenário político e conversou sobre o pleito de 2022
Foto: João Valadares
Nas eleições de 2022, o PT vai enfrentar talvez as disputas mais acirradas da história do partido. Em nível nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai tentar emplacar o terceiro mandato em uma disputa com o atual presidente Jair Bolsonaro, após o impeachment de Dilma Rousseff e a derrota de Fernando Haddad.
Na Bahia, o cenário é mais favorável, mas nem por isso menos complexo. O partido traz outro nome na disputa pelo terceiro mandato: Jaques Wagner. Sendo sempre o segundo colocado nas pesquisas, o PT aposta na dobradinha Wagner/Lula para derrotar o principal adversário, ACM Neto, e manter a Bahia longe do domínio carlista.
O Farol da Bahia conversou com o presidente da legenda em nível estadual, Éden Valadares e o resultado você confere a seguir:
- O PT Bahia planeja eleger quantos deputados estaduais e federais na eleição deste ano?
Nós estamos muito animados para a disputa eleitoral de 2022. O PT volta a recuperar patamares históricos de aprovação popular e nossas principais lideranças, como Lula, Wagner e Rui, estão muito afinados. Esse bom momento certamente deve repercutir também nas eleições proporcionais. Assim, nossa expectativa, que inclusive foi aprovada em resolução do Diretório Estadual, é de reeleger as atuais bancadas e ampliar nossa participação tanto na Câmara quanto na Assembleia.
- Como está a construção da federalização e como isso pode impactar no pleito da Bahia?
A incumbência deste debate é toda da Direção Nacional do PT e dos partidos envolvidos nesta construção, mas é claro que as direções estaduais, sobretudo por se tratar de um Estado importante como a Bahia, têm contribuído. Nós da Bahia, tanto o PT como o PSB, PCdoB e mais recentemente o PV já realizamos algumas importantes reuniões, encontros e até um seminário, e já demos demonstrações públicas favoráveis à consolidação da Federação. Mas, como disse, isso está a cargo das direções nacionais. Seguiremos monitorando, torcendo, mas por enquanto trabalhando com os cenários - com e sem a Federação.
- O PT disputa com ACM Neto o governo da Bahia, que utiliza os pontos fracos da gestão como a questão da segurança pública para derrotar os opositores. Qual será a indicação do PT nesse sentido? Qual será a grande bandeira da campanha?
O ex-prefeito de Salvador, sem apontar soluções, tenta esconder a realidade de quando o grupo político dele governou a Bahia e como deixaram o aparato de segurança das nossas polícias, e busca posar de salvador da pátria. Não temos receio de debater nenhum tema, de rememorar como as coisas estavam, de mostrar o muito que fizemos e investimos, e de comparar os distintos projetos. Eleição com seriedade é assim: comparar projetos, programas, propostas políticas - e não eleição de síndico como o ex-prefeito insiste em enxergar. Mas me preocupa também a postura de super-herói, de valentão, que vai mandar prender, vai fazer isso ou aquilo. O tema da segurança é muito grave e complexo. Tem raízes históricas nas nossas desigualdades, no racismo, na cultura da violência. Tudo que a sociedade baiana não precisa é de uma postura demagoga, aventureira, de que uma pessoa só vai resolver essa questão. O último político que apareceu com essa postura de super-herói foi o atual presidente da República, que ACM Neto apoiou e apoia, e deu no que deu.
- O partido trabalha com a expectativa de repasse de quantos por cento dos votos de Lula pra Wagner?
Difícil tentar transformar política em ciência exata. Wagner tem uma identidade muito ligada a Lula, são amigos há 40 e tantos anos, formaram uma dupla histórica para o desenvolvimento da Bahia como Governador e Presidente da República, é natural que os eleitores, que o povo baiano, reconheça essa identidade, essa cumplicidade. Mas mais do que isso, insisto, é a história do nosso grupo, do nosso projeto político pedagógico que vem mudando para melhor a Bahia. É a unidade dos partidos aliados, com nossas lideranças, Wagner, Rui, mas também Otto, Leão, Lídice, o PCdoB, o Avante, é na identidade deste grupo com o projeto mudancista na Bahia e o programa de Lula para reconstruir o Brasil, que está nossa força.
- Como julga a mudança de lado dos antigos apoiadores, como Marcelo Nilo?
Não tenho que julgar. Opção política dele. Só posso desejar boa sorte. Aprendi com Zezéu e Jaques Wagner, meus professores de política e de vida, aliados de hoje podem virar adversários amanhã e vice-versa. Marcelo não é e não será nosso inimigo. Desejo boa sorte a ele no caminho que escolheu. Nós seguiremos o nosso, que é ao lado de Lula levando esperança em dias melhores, com emprego, renda e prosperidade para todos e todas. Já fizemos, a sociedade sabe e reconhece, e cada vez mais confia.