Exército vai apurar por que kids pretos são maioria entre acusados de tentativa de golpe
Dos 23 militares acusados, 12 são das forças especiais

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
O Exército abriu uma investigação interna para apurar e entender o motivo pelo qual há tantos integrantes das forças especiais, conhecidos como kids pretos, entre os militares acusados de articular um golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. As informações são da coluna Malu Gaspar, do jornal O GLOBO.
O apelido de kid preto tem a ver com a cor do gorro usado por eles. No total, 12 dos 23 militares incluídos na denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, são kids pretos.
A investigação interna deve ser finalizado em abril e tem objetivo de produzir um diagnóstico que ajude a evitar que ocorra novamente.
No governo Bolsonaro, vários kids pretos foram chamados para assessorar o presidente, entre eles: o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens que acabou se tornando delator; o general Mario Fernandes, que foi subordinado direto do ministro da Secretaria-Geral, Luiz Eduardo Ramos, ele próprio um kid preto. Ou Marcelo Costa Câmara, assessor especial da presidência. Cid, Fernandes e Câmara estão entre os denunciados.
Dos 12 kids denunciados, cinco são da ativa. De acordo com a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), eles participaram da operação clandestina “Copa 2022”, como era chamado entre os golpistas o monitoramento e o planejamento de uma ação que podia terminar com o sequestro e a “neutralização” de Lula, do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes.
Segundo o documento, os assassinatos ocorreriam por “meios como explosivos, instrumentos bélicos ou envenenamento”. A estratégia fazia parte do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa a manutenção de Bolsonaro no poder após a eliminação das autoridades.
“O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu, ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”, frisou o procurador-geral da República.