Força Nacional é enviada para áreas de conflitos indígenas no extremo sul da Bahia
Locais para onde as equipes serão enviadas não foram especificados

Foto: Reprodução/Ministério da Justiça
O Governo da Bahia anunciou, nesta quinta-feira (17), o envio da Força Nacional de Segurança Pública para o extremo sul do estado, devido os conflitos entre indígenas e fazendeiros na região. O comunicado é realizado dois dias antes da data em que é celebrado o Dia dos Povos Indígenas.
• Indígena é morto a tiros em meio a conflitos fundiários no extremo sul da Bahia
• Indígena é assassinado a tiros em Porto Seguro um dia antes de audiência pública sobre demarcação de terra
• Indígenas ocupam Parque Nacional do Descobrimento, no extremo sul da Bahia
• Governo da Bahia anuncia grupo de trabalho para tratar dos conflitos agrários em Teixeira de Freitas e região
• Polícia cria grupo de trabalho parar apurar crimes contra indígenas em Prado
• Governo da Bahia realiza 1ª reunião para tratar conflitos agrário sem participação de indígenas
• Vídeo: Governador justifica ausência de indígenas em reunião sobre conflitos agrários na BA: “evitar acirramento"
• Indígenas e representantes do governo da Bahia se reúnem pela 1ª vez para tratar conflitos agrários no sul do estado
As áreas que serão atendidas pelas equipes não foram especificadas. Segundo o governo, a decisão parte de uma sugestão feita pelo Ministério da Justiça e corroborada pelo Ministério dos Povos Indígenas e pelo Movimento Unido dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia (Mupoiba).
As ações regulares de policiamento na região se mantém, segundo a gestão estadual, que afirmou ainda que seguirá atuando com a Polícia Federal para “manter a ordem pública”.
Entenda tensão no extremo sul da Bahia
Há 20 anos a terra indígena Comexatibá é alvo de disputa judicial. A área é sobreposta à Unidade de Conservação (UC) do Parque Nacional do Descobrimento e historicamente ocupada pelo povo pataxó.
No dia 11 de março, o indígena pataxó Vitor Braz foi assassinado a tiros durante um ataque contra uma comunidade Pataxó da Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal, em Porto Seguro. O crime aconteceu um dia antes da audiência pública realizada em Brasília para tratar da delimitação da área em que Vitor morava, que está em processo de demarcação de terra desde 2008
Quatro dias depois, um grupo de indígenas da etnia Pataxó ocupou o Parque Nacional do Descobrimento, em Prado, para cobrar a homologação da Terra Indígena Comexatibá
A polícia aponta que grupos de "supostos indígenas" usam o "pretexto de retomada de territórios ancestrais" para agir com violência e grave ameaça contra trabalhadores e proprietários rurais; saquear produções agrícolas, mobiliários e veículos; e restringir a liberdade das vítimas por períodos juridicamente relevantes.
Os indígenas, por outro lado, afirmam que a violência não parte do grupo. Em nota enviada, eles afirmaram que a ocupação também é feita para garantir a segurança dos povos.
"Estamos perdendo vidas indígenas e nós, jovens que somos alvos da perseguição e violência do latifúndio, estamos dando um grito de socorro na luta pela vida, nossas vidas importam", diz o comunicado.
Em meio a isso, secretários de Estado visitaram a região e, um grupo de trabalho para lidar com os conflitos foi criado. No dia 20 do mesmo mês, 11 pessoas foram presas durante a "Operação Pacificar”. No total, foram cumpridos 19 mandados de prisão e de busca e apreensão em imóveis rurais.
No dia sete de abril, um indígena, de 50 anos, foi morto a tiros no distrito de Cumuruxatiba. João Celestino Lima Filho foi baleado na região do abdômen e não resistiu aos ferimentos.
A Polícia Civil de Teixeira de Freitas afirma que cerca de 20 indígenas da Aldeia Reserva dos Quatis, pertencentes ao território Comexatibá, entraram na fazenda com o objetivo de retomar a área e foram recebidos a tiros disparados por dois homens que estavam dentro da residência.