Futuros de ações nos EUA despencam enquanto autoridades não dão trégua sobre tarifas
Quedas ocorrem após a pior semana para as ações de Wall Street desde o início da pandemia

Foto: Ahmad Ardity/Pixabay
As ações de Wall Street estavam preparadas para mais um dia de perdas acentuadas nesta segunda-feira (7), após a administração de Donald Trump indicar que as pesadas tarifas dos EUA seriam mantidas, apesar dos receios de que possam levar a uma recessão econômica global.
Os futuros dos índices de ações dos EUA estavam substancialmente mais baixos no início das negociações de domingo (6), com os contratos que seguem o S&P 500, de empresas de grande porte, caindo 4,3%, e os do Nasdaq 100, dominado por tecnologia, recuando 5%. A atividade de negociação é tipicamente mais leve no início da manhã na Ásia, o que pode agravar a volatilidade.
As quedas acontecem após mais de US$ 5 trilhões terem sido apagados do S&P 500 na quinta (3) e sexta-feira (4), no final de sua pior semana desde o início da pandemia, em 2020. A decisão de Donald Trump de alterar a ordem comercial global ao implementar pesadas tarifas sobre as importações dos EUA aprofundou as preocupações sobre a trajetória da economia mundial. A China anunciou, na sexta, tarifas retaliatórias de 34%.
No fim de semana, o secretário do Tesouro de Trump, Scott Bessent, desconsiderou a reação "de curto prazo" do mercado às tarifas agressivas do presidente, dizendo à NBC que a Casa Branca manteria sua posição.
"Nossos parceiros comerciais têm se aproveitado de nós", disse Bessent no domingo. Questionado sobre a possibilidade de negociar as tarifas de Trump, ele respondeu: "Vamos ver o que [outros] países oferecem e se é algo crível".
Seus comentários seguiram um alerta do presidente do Federal Reserve, Jay Powell, de que as tarifas estimulariam "maior inflação e crescimento mais lento".
Economistas do JPMorgan disseram, na sexta, que esperavam que a maior economia do mundo contraísse 0,3% neste ano "sob o peso das tarifas". Eles haviam previsto anteriormente um crescimento de 1,3% para os EUA.
Bancos e ações de tecnologia foram alguns dos setores mais afetados na semana passada, enquanto o dólar desvalorizava contra outras moedas importantes e os rendimentos dos títulos do Tesouro, que se movem inversamente aos preços, caíam à medida que investidores buscavam ativos considerados mais seguros. Os mercados de ações na Europa e Ásia também caíram acentuadamente, enquanto commodities, como cobre e petróleo, recuaram devido ao temor de uma guerra comercial global.
Na sexta-feira, foi registrada a quinta maior sessão de "reduções líquidas ativas" pelos investidores desde 2010, segundo o Morgan Stanley, com os fundos de ações long-short responsáveis por 80% das vendas líquidas.
A queda de mais de 10% do S&P 500 entre quinta e sexta é apenas a quarta vez nos últimos 85 anos —após o colapso de 1987, a crise financeira de 2008 e o início de 2020— que o índice caiu tanto e tão rapidamente, segundo o Deutsche Bank.
Alguns investidores acreditam que as ações continuarão a cair até que Trump indique que suas tarifas serão menos agressivas.
"A incerteza é a palavra-chave no momento e nem chegamos ainda ao pico da incerteza política", disse Dec Mullarkey, diretor-geral da SLC Management.
O investidor ativista Bill Ackman, que apoiou publicamente Trump durante a campanha eleitoral, postou no X que as "tarifas massivas e desproporcionais" correm o risco de "destruir a confiança em nosso país como parceiro comercial, como lugar para fazer negócios e como mercado para investir capital".
Ele pediu para que Trump pedisse uma "pausa" na segunda-feira.
"Alternativamente, estamos caminhando para um inverno nuclear econômico autoimposto, e devemos começar a nos preparar para isso", escreveu.