Haddad terá novo encontro com secretário do Tesouro dos EUA para tratar de tarifaço
Ministro demonstra otimismo para a nova rodada de negociação

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou, nesta quinta-feira (31), que vai conversar com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent para discutir sobre a tarifa que passa a valer na próxima quarta-feira (6). O presidente Trump adiou a data de vigor da nova taxa e divulgou uma lista dos produtos isentos da tarifa.
“A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem e finalmente vai agendar uma segunda conversa. A primeira, como eu havia adiantado, foi em maio na Califórnia. Haverá agora uma rodada de negociações, nós vamos levar as autoridades americanas os nossos pontos de vista”, disse.
O contato por parte do representante dos EUA é visto como positivo. O ministro avalia que o momento será de conversas mais consolidadas, “mais racional, mais sóbria, menos apaixonada”. Apesar do otimismo, Haddad afirma que ainda há muita negociação pela frente e que há casos dramáticos que devem ser considerados para uma reavaliação.
“Há muita injustiça nas medidas que foram anunciadas ontem. Há correções a serem feitas. Há setores afetados que não precisariam estar sendo afetados. Nenhum a rigor”.
O ministro reforçou que vai recorrer em todas as instâncias tanto nos Estados Unidos quanto nos órgãos internacionais com o intuito de demostrar que o assunto não interessa só ao Brasil, mas a toda América do Sul que deve buscar por “mais integração”.
“O mais importante é mostrar que a atitude do Brasil tem sido a atitude correta. De argumentar, levar ao governo dos Estados Unidos os pontos de vista sóbrios, serenos e maduros do Brasil, buscar mais cooperação. Nós temos um bloco econômico aqui que é o Mercosul que não pode sofrer com desequilíbrios internos, isso provoca um desequilíbrio dentro do Mercosul. Então, há uma série de efeitos colaterais indesejáveis dessas medidas. Nós nunca saímos da mesa, não é agora que vamos sair”, confirmou.
Segundo o ministro, as exportações para os Estados Unidos caíram de 25% para 12% desde 2003 e que “essa atitude [o tarifaço] vai nos afastar, ao invés de nos aproximar”. Mas, reforçou que o Brasil mantém interesse em fortalecer a relação e também em ampliar a exportação com outros países.
“O Brasil tem uma economia grande que não pode ser apêndice de nenhuma outra, nem da China, nem da União Europeia, nem dos Estados Unidos, nós temos que ter um equilíbrio. E a postura do presidente Lula, nos seus três mandatos, tem sido de buscar um equilíbrio no comércio”, declarou.
De acordo com Fernando Haddad, os atos já estão sendo preparados e serão encaminhados para a Casa Civil. A expectativa é que novas medidas sejam anunciadas nas próximas semanas.
Poder Judiciário
O ministro da Fazenda disse também que durante as negociações vai ressaltar como funciona o poder judiciário e, que em casos de dúvida sobre seu funcionamento qualquer cidadão pode recorrer ao comitê de direitos humanos da ONU.
“O Brasil, ele é signatário de todos os acordos e convenções internacionais que protegem os direitos humanos. Alguém tem incomodado? Tem 10 instâncias para recorrer. Não precisa recorrer a agressão de uma potência externa contra os interesses do Brasil. [...] Nós temos que explicar que a perseguição ao ministro da Suprema Corte não é o caminho de aproximação entre os dois países”.
Além disso, sem citar o nome do deputado federal Eduardo Bolsonaro, o ministro afirmou que há desinformação acerca do assunto sendo repassada por brasileiros que estão nos EUA.
“É muito diferente quando você tem uma força interna trabalhando contra os interesses do país. Isso fragiliza o Brasil. E isso não está acontecendo em nenhum outro país do mundo, só está acontecendo no Brasil. As pessoas precisam compreender que isso fragiliza a posição do país. Isso não é bom, nem para democracia, nem para soberania”.