Igrejinha do Rio Vermelho completa 10 anos fechada e acumula problemas causados pela maresia
Historiador aponta o imóvel como um dos espaços abandonados da capital baiana e reforça a necessidade de uma restauração
Foto: Reprodução/Ascom/ClaudioTinoco
Popularmente conhecida como 'Igrejinha do Rio Vermelho', uma construção com mais de 100 anos de existência, no largo de Sant'Ana, coração do Rio Vermelho, está há mais de 10 anos sem funcionamento e acumula uma série de problemas internos causados pela força do tempo e maresia.
Sua fundação foi em 1913, e já funcionou como templo religioso, escola e sede de centros sociais, mas está repleta de rachaduras, fungos e perdendo parte da sua história. Suas paredes estão descascando, com mofo, sujeira, os azulejos e pisos desgastados.
Na década de 1980, o imóvel tinha corrido o risco de ser demolido, foi salvo por um campanha de moradores que contaram com apoio de personalidades como Jorge Amado, Carybé e Mário Cravo. O historiador Rafael Dantas, diz que a Igrejinha faz parte dos espaços históricos que estão abandonados pela capital baiana, e reforça a necessidade de um processo de reapropriação, preservando as características, estruturas e história local.
O imóvel é de propriedade da Arquidiocese de Salvador, ele foi cedido por meio de um comodato (concessão gratuita que permite o uso do móvel ou imóvel, por um certo período de tempo) para a associação Cultural Beneficente Monsenhor Amílcar marques (ACBMAM), que é responsável, atualmente, pela gestão do espaço e tenta buscar recursos públicos para transformar o local em um Centro de Arte, Cultura e Saúde.
Antonio Nery Filho, médico psiquiatra e presidente da associação, explica que o objetivo é reapropriar e devolver um espaço que seja voltado para a própria comunidade e turistas. “Salvador teria um espaço para exposições, apresentações de orquestras, nós queremos fazer uma pequena biblioteca, criar um espaço de informações turísticas e nós queremos cuidar também dos invisíveis que vivem em torno da igreja”, explicou.
Apesar disso, a falta de recurso para a reforma do espaço, que está orçada em R$1,5 milhão, impede de dar prosseguimento ao processo de restauração. O pleito da associação é que a prefeitura da capital financie a reforma e uma organização não-governamental, no caso a ACBMAM, administre o espaço.
A Secrearia de Manutenção da Cidade (SEMAN) afirmou não ter conhecimento de qualquer demanda relacionada à Igreja de Sant'Ana. O órgão reiterou que não é responsável pela manutenção de espaços religiosos e que só realiza a retirada de pichações, na prévia da Festa de Yemanjá (2 de Fevereiro) e outras ações de manutenção no Largo de Sant'Ana.