Índice de Desenvolvimento Humano revela aumento de desigualdade e polarização no mundo, aponta relatório
Países ricos registraram recorde de desenvolvimento humano, enquanto metade dos países pobres do mundo retrocederam

Foto: Unicef/Fauzan Ijazah
Um relatório divulgado, nesta quarta-feira (13), pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud), aponta que o Índice de desenvolvimento humano no mundo, está em recuperação, mas esse desempenho tem sido parcial, incompleto e desigual. De acordo com a Pnud, essa situação piora a distância entre países ricos e pobres e alimenta a polarização política.
O estudo “Rompendo o Impasse: Reimaginando a cooperação em um mundo polarizado", traz a classificação atualizada de 191 países com base no Rendimento Nacional Bruto per capita, educação e expectativa de vida.
Os três países no topo do Índice de Desenvolvimento Humano são Suíça, Noruega e Islândia. O Brasil ocupa a posição 89, na faixa dos países com desenvolvimento alto.
Segundo o Pnud, os países ricos registraram níveis recorde de desenvolvimento humano. Por outro lado, metade dos países mais pobres do mundo retrocederam, permanecendo abaixo do nível de progresso anterior à crise da Covid-19.
Conforme mencionado no relatório, quase 40% do comércio mundial de bens está concentrado em três ou menos países. Além disso, em 2021 a capitalização de mercado de cada uma das três maiores empresas de tecnologia do mundo ultrapassou o valor do Produto Interno Bruto, PIB, de mais de 90% dos países naquele ano.
De acordo com o administrador do Pnud, Achim Steiner, o “fracasso da ação coletiva” para fazer avançar o combate à pobreza e às desigualdades “não só prejudica o desenvolvimento humano, mas também agrava a polarização e corrói ainda mais confiança nas pessoas e instituições em todo o mundo.”
O relatório argumenta que o avanço da ação coletiva internacional é dificultado por um emergente “paradoxo da democracia”. Embora nove em cada 10 pessoas em todo o mundo apoiem a democracia, mais da metade dos entrevistados expressaram apoio a líderes que poderiam prejudicar a ordem democrática.
Os autores citam ainda pesquisas que indicam que os países com governos populistas têm taxas de crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, mais baixas. Quinze anos após a posse de um governo populista, o PIB per capita é considerado 10% menor do que seria em um cenário de governo não populista.
O documento revela um “sentimento de impotência”, pois 68% das pessoas relatam que consideram ter pouca influência nas decisões do seu governo. Os autores argumentam que essa tendência, somada à polarização alimenta abordagens políticas “voltadas para dentro”.