Indústria brasileira encolhe e fatura 22,5% menos que o recorde em 2013, diz CNI
Segundo Confederação, nos números já foram considerados os ajustes sazonais (conforme o mês) e inflação
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Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) os ganhos da indústria encolheram desde o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Depois de ter atingido um pico histórico em agosto de 2013, o faturamento industrial recuou 22,5% até o último mês de fevereiro. Nos números já foram considerados os ajustes sazonais (conforme o mês) e inflação.
Desde que alcançou o último pico histórico, em 2013, o Brasil sofreu sucessivas crises, a começar pelos danos causados pelo golpe contra Dilma, além da pandemia e demais turbulências políticas. Em entrevista à UOL, especialistas ressaltaram, porém, que o Brasil já vem se desindustrializando há 40 anos.
Igor Rocha, Economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp),afirma que o Brasil passa por um processo de desindustrialização desde a década de 1980. "O problema da indústria vem de antes destes eventos [crise das contas públicas e pandemia]. Quando analisamos o desenvolvimento, os países tendem a se desindustrializar naturalmente na medida em que fazem a passagem da renda média para a alta renda. No Brasil, a desindustrialização ocorreu sem que o país atingisse a alta renda".
O estudioso da área de economia ainda pontua sobre a alta de juros no Brasil. ""A indústria de transformação, assim como a construção civil, é um setor muito sensível ao crédito, porque as pessoas fazem financiamentos para consumir bens. É diferente do setor de serviços, em que pouca gente pega crédito para consumir".
Marcelo Azevedo, Gerente de análise econômica da CNI, responsabilizou o "custo Brasil" pelo revés. "Há questões de tributação, burocracia e infraestrutura. O que aconteceu é que, naquele período [2013], o crescimento da economia brasileira estava muito forte e, por mais que a fatia da indústria estivesse cada vez menor, o bolo ainda estava crescendo. Quando a maré virou, os problemas da indústria se tornaram mais evidentes".
Além disso, Gabriel Emir Moreira e Silva, Superintendente da área de projetos da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), cita excesso de impostos e regras tributárias, além da exportação de mão de obra qualificada.
"Trabalhadores mais qualificados também estão indo para outros países. O Brasil está exportando estes valores. (...) Para montar um parque industrial aqui, o investidor precisa observar muitos detalhes. Há fatores como ambiente político, risco jurídico, mercado consumidor e estabilidade de regras tributárias. O problema é estrutural. A saída para a industrialização passa pela reforma tributária, pelo investimento em educação e pela criação de um ecossistema de inovação mais favorável", afirmou.