'Infelizmente vai chegar aqui', diz Fábio Vilas-Boas sobre nova variante da Covid-19

Segundo o secretário, o estado não tem como bloquear as fronteiras do estado para inibir os casos

Por Da Redação
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'Infelizmente vai chegar aqui', diz Fábio Vilas-Boas sobre nova variante da Covid-19

Foto: Reprodução/TV Bahia

Em entrevista nesta segunda-feira (4), o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas alertou sobre a nova variante da Covid-19 e disse que não tem como impedir que ela chegue ao estado. Dois casos já foram confirmados em São Paulo no final de dezembro. Vilas-Boas falou ainda sobre como minimizar os impactos dessa descoberta.

“Infelizmente ela vai chegar aqui, isso é uma questão de tempo, porque não temos como bloquear fronteiras. Nós temos como minimizar e adiar a entrada, com medidas como as que estão sendo feitas em redução do fluxo de aeronaves vindas de regiões, sabidamente, onde esse vírus é responsável por mais de 60% dos casos novos de contágio, mas não é possível evitar. Felizmente, até o presente momento, é uma variante que é sensível a todas as vacinas que foram desenvolvidas”, disse.

O secretário informou que, por ser uma variante que cabe a imunização das vacinas já desenvolvidas, não será necessário o desenvolvimento de outra vacina, inicialmente. Ele também comparou com as variantes da gripe. 

"Quando nós imunizarmos a população, não vai haver qualquer tipo de problema, não vai ser como o que acontece anualmente com a gripe, que tem que se desenvolver uma vacina específica para aquela variante daquele ano. Essa, por enquanto, ela é coberta por todas as vacinas. E também ela [variante] não causa uma maior gravidade. O vírus ele se adaptou para se tornar mais facilmente infectante, é mais fácil uma transmissão num ambiente fechado hoje, do que o que era na variante anterior ", ponderou.

Clínicas particulares negociam vacina


Fábio Vilas-Boas criticou o movimento da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) para a compra de vacinas de forma privada. Segundo o secretário, essa ação impede a democratização da imunização, já que os laboratórios poderão aumentar os preços dos imunizantes.

“Existe uma determinação muito correta do governo, de não permitir a comercialização privada de vacina no país, enquanto a população toda não for vacinada. Não é porque a pessoa tem dinheiro para pagar R$ 2 ou R$ 3 mil reais em uma dose de vacina, que ela vai passar na frente da outra pessoa. Essa é uma questão muito importante, de democratizar o acesso, porque todos nós somos seres humanos. Não existe uma questão orçamentária do governo federal, para não oferecer a vacina. Existe uma medida provisória de R$ 20 bilhões, que garante duas doses de vacina para cada um dos brasileiros”, disse.


O gestor de saúde disse ainda que o governo não vai permitir que pessoas com mais dinheiro sejam vacinadas antes da população mais pobre. Para ele, essa movimentação pode levar ao desvio de vacinas.

"Não é por falta de dinheiro que rico ou pobre deixarão de ter vacina no Brasil. E não se vai permitir passar na frente, porque a pessoa tem dinheiro para pagar. Se isso for permitido, o que vai acontecer é que vai haver desvio de vacina. As empresas vão querer deixar de vender para os governos, para vender a privados, porque seguramente alguém vai pagar o preço que quiser para ter essa vacina. Isso não é correto".

E acrescentou: "Essa ação dos laboratórios privados é, nesse momento, inócua. Não vai resultar em nada, porque todos os fabricantes mundiais de vacina estão comprometidos em vender vacinas para governos, não para empresas privadas".


Leitos Covid-19

Vilas-Boas falou ainda sobre o impacto das festas irregulares de final de ano nos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ele avalia que o interior da Bahia deve ser mais afetado que na capital, mas que ainda não há previsão de endurecimento de medidas nos próximos dias.

“Nós fizemos o que foi possível ser feito. A polícia fechou centenas de festas e aglomerações no período do natal e réveillon. Em várias localidades, a própria comunidade fez o seu papel de denunciar e contestar síndicos de condomínio. Nós tivemos um envolvimento muito colaborativo da sociedade, mas isso não foi suficiente para impedir as milhares aglomerações que aconteceram. A consequência acontecerá daqui a uma semana, 10, 15 dias, quando nós deveremos ver aumentar os números de casos novos por dia, que vinha já em estabilização e decréscimo”, avaliou.


O secretário de Saúde alertou sobre os picos de cerca de cinco mil casos registrados nas últimas semanas. De acordo com ele, esses números podem voltar a aparecer, já que há um represamento dos dados de infectados por causa dos recessos dos laboratórios.

"Esses casos que nós estamos vendo ao longo das últimas semanas, eles estão artificialmente reduzidos em função dos feriados prolongados de natal e réveillon. As equipes de vigilância do interior entram em recesso e param de notificar. Então, nós vamos ter, ao longo dessa primeira semana e da próxima, além de uma notificação do que ficou represado, o acréscimo natural que estamos esperando, em função das aglomerações".

Hoje, a taxa de ocupação dos leitos de UTI na Bahia gira em torno de 80 a 83%, de acordo com Vilas-Boas. Alguns leitos ainda serão reabertos pelo estado, mas a previsão é de que o percentual se mantenha com a chegada de novos casos.
 
 

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