Bahia

Influenciador de 15 anos é embaixador da Bienal do Livro Bahia 2022

Em entrevista ao Farol da Bahia, Adriel Oliveira reforçou importância de negros ocuparem lugar de destaque

Por Ane Catarine Lima
Ás

Influenciador de 15 anos é embaixador da Bienal do Livro Bahia 2022

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O influenciador e estudante Adriel Oliveira, de 15 anos, foi anunciado como embaixador da Bienal do Livro Bahia 2022 (saiba mais sobre o evento). Natural de Salvador, o jovem é dono de um perfil que aborda assuntos ligados à literatura nas redes sociais e, em 2020, foi vítima de racismo na internet. Em um país desigual e fundado sob o mito da democracia racial, as oportunidades certamente não chegam para todos da mesma forma. Partindo desta realidade, o baiano não esconde a felicidade da conquista. Ao Farol da Bahia, ele reforçou a importância de negros ocuparem lugar de destaque.

“É algo inacreditável. Fico questionando se o título de embaixador da Bienal é real, pois nunca imaginei que iria acontecer comigo. Sou uma pessoa negra e moradora da periferia. Então, esse tipo de oportunidade é tida como impossível para pessoas como eu. Fico pensando que estou realizando não apenas o meu sonho como o de outras pessoas que estão me assistindo e acompanhando diariamente. É um sentimento incrível de realização. Estou muito feliz por estar participando como embaixador desse evento tão importante para a Bahia”, afirmou Adriel.

Foto: Betto Jr/Secom

Morador do bairro de Brotas, na capital baiana, o jovem contou que seu apreço pelos livros começou na infância. Aos cinco anos, ele já sabia ler e, apesar das dificuldades financeiras, sua mãe o presenteava com diversas obras literárias. Segundo Adriel, sua paixão pela literatura foi impulsionada dentro de casa por sua mãe que sempre acreditou que o conhecimento o levaria a lugares melhores.

“Comecei a gostar de ler quando ainda era muito pequenininho. Quando tinha uns cinco anos, minha mãe começou a comprar livros para mim. Eu não gostava muito, mas ela fazia uma brincadeira comigo que era basicamente um livro por um brinquedo. Aprendi a ler muito cedo porque uma tia minha tinha um escolinha, segundo minha mãe, e fazia eu estudar as letras. Apesar de o meu contato com a literatura ter sido bem cedo, comecei a pegar gosto mesmo lá para os meus nove anos”, relatou o jovem.

Desvalorização dos livros

Para Adriel, o acesso à literatura na Bahia e no Brasil ainda é precário. Segundo ele, faltam bibliotecas, investimentos e estratégias de incentivo à leitura. “Além dos livros serem muito caros, o acesso às bibliotecas públicas é escasso. Faltam títulos atualizados e verbas para educação”, pontuou.

“Isso faz com que muitas bibliotecas públicas sejam fechadas. Onde eu moro, por exemplo, tinham vários projetos de bibliotecas públicas. Porém, elas acabaram fechando por falta de verba ou por desatualização do acervo. É algo muito triste, pois as pessoas deveriam ter o direito básico à educação. O investimento nessa área é escasso na Bahia e no Brasil inteiro”, completou.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2020, mostra que o país perdeu mais de 4,6 milhões de leitores nos últimos anos. De 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. 

De acordo com Adriel,  a desvalorização dos livros é um problema no país. “Grande parte da desigualdade social existente vem da elitização da cultura. Falta também investimento em projetos sociais. Isso ajudaria muitas pessoas a seguirem caminhos diferentes”, reforçou o jovem.

Sucesso na internet

Em 2019, Adriel criou o perfil “Livros do Drii” nas redes sociais. Com mais de 400 mil seguidores, ele usa as plataformas digitais para fazer pequenas resenhas de livros e indicar títulos aos seguidores. No entanto, ainda em entrevista, ele afirmou que o maior objetivo do perfil é impulsionar sonhos. 

“A mensagem que eu passo é que eles [seguidores] não podem desistir nunca de seus sonhos e nem parar de acreditar. É isso que nos faz continuar no caminho que devemos seguir. Então, eu acho que a principal coisa que aprendi durante esses anos é que a gente nunca pode desistir dos nossos sonhos. Devemos sempre lembrar que os livros são remédios que curam a ignorância”, concluiu. 

Veja o perfil de Adriel no YouTube (aqui) e Instagram (aqui). 

 

 


 

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