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Levantamento mostra adesão dos brasileiros aos neobancos

O Nubank é o caso de maior sucesso no mercado brasileiro

Por Da Redação
Ás

Levantamento mostra adesão dos brasileiros aos neobancos

Foto: Reprodução / SHUTTERSTOCK

Um estudo feito pela consultoria Kantar mostra que um terço dos brasileiros já são clientes de algum banco digital. No entanto, em apenas 9% dos casos as pessoas têm num “neobanco” sua conta principal. As fintechs ainda têm um longo caminho a percorrer para arrebanhar uma fatia mais relevante do mercado.

O levantamento ainda mostra que a adesão aos chamados neobancos (aqueles que já nascem digitais) é bem maior no Brasil, na Índia e na China que nos países desenvolvidos. Uma das razões para isso, segundo a consultoria, é que nesses três países a população é menos bancarizada - ou até tem conta, mas não tem acesso a serviços financeiros.

Nos Estados Unidos, apenas 2% dos clientes de bancos têm conta em banco digital. No Reino Unido, terra do badalado Monzo, a proporção não passa de 4%. Já no mercado indiano, essa fatia salta para 50%. Mas nada se compara ao caso da China, em que 93% da população bancarizada tem conta em neobancos, muito por causa do fenômeno do Alipay.

A consultoria estudou o impacto que essas novas instituições financeiras têm no varejo bancário em dez mercados: Alemanha, Holanda, França, Espanha e Cingapura, além dos citados acima. Não entram na análise outros tipos de fintechs, como as de meios de pagamento e as plataformas de investimentos. Foram ouvidas 3 mil pessoas com conta em pelo menos um banco digital ou tradicional.

“Em países desenvolvidos, os bancos incumbentes souberam agir para melhorar sua oferta. A gente vê isso muito claramente nos Estados Unidos”, afirma Eduardo Tomyia, diretor-executivo da Kantar no Brasil.

O Nubank é o caso de maior sucesso no mercado brasileiro - 28% da população bancarizada tem conta em fintech. Uma parcela de 11% é cliente do Banco Inter, e 4% têm conta no Next, criado pelo Bradesco.

Mas, na hora de usar a conta, as instituições convencionais ainda levam vantagem. No Brasil, quem tem conta num neobanco deixa, em média, 40% de seu dinheiro na fintech e 60% num banco incumbente.

E, apesar do apelo tecnológico dos digitais, o uso das instituições financeiras tradicionais no canal “mobile” é muito mais significativo - reflexo da escala que elas têm no país. Das dez últimas vezes em que entraram em um aplicativo de banco, em 2,1 delas os brasileiros o fizeram para acessar a conta de uma fintech, e em 7,6 vezes usaram um banco, em 2,1 delas os brasileiros o fizeram para acessar a conta de uma fintech, e em 7,6 vezes usaram um banco tradicional, aponta a Kantar.

Há algumas razões para isso. Além de serem mais jovens, os neobancos oferecem menos produtos e têm menos credibilidade que os incumbentes. De acordo com o levantamento, 39,6% dos clientes brasileiros dizem confiar “completamente” nos bancos digitais, enquanto 56,40% confiam nos tradicionais. Na média dos três países emergentes, essas proporções são de 53% e 58%, respectivamente, enquanto nos mercados desenvolvidos os digitais são confiáveis para apenas 19%, e os convencionais, para 47%.

“Então, embora milhões de pessoas estejam baixando aplicativos e abrindo contas em neobancos, ainda há um longo caminho a percorrer até que os neobancos alcancem o número de transações, o saldo em conta e o uso regular obtidos pelos bancos tradicionais”, afirma o relatório. “Para dizer sem rodeios: depender apenas de serviços de pagamentos instantâneos não vai ser suficiente para os neobancos alcançarem e sustentarem seu crescimento no longo prazo.”

Na visão de Tomyia, a grande mensagem do estudo é que os bancos digitais terão de ampliar o escopo de atuação se quiserem se tornar preponderantes no dia a dia de seus clientes. A sugestão vai na contramão do modelo adotado hoje por grande parte das fintechs: o de se especializar em um ou poucos produtos.

Isso não quer dizer, nem de longe, que os bancos tradicionais estejam com a vida ganha. Segundo a consultoria, essas instituições podem perder relevância não apenas para fintechs, mas também para concorrentes do mundo físico que conseguirem oferecer uma melhor experiência para seus clientes. “Os incumbentes proporcionam solidez, mas precisam combinar isso com uma oferta melhor e uma marca que tenha mais apelo para os clientes”, afirma Tomyia.

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