Lula critica presidente do Banco Central e política de juros em coletiva de imprensa
Em visita ao Reino Unido, Lula expressa descontentamento com a gestão de Roberto Campos Neto
Foto: Ricardo Stuckert
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer críticas contundentes neste sábado (6) ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e à política de juros adotada pela instituição, que manteve a taxa Selic em 13,75%. Segundo o líder petista, Campos Neto não possui compromisso com o país, mas sim com o governo anterior, referindo-se à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o indicou para o cargo.
Durante uma coletiva de imprensa em Londres, na Inglaterra, Lula afirmou que os trabalhadores não conseguem mais suportar a alta taxa de juros e fez uma comparação com o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mencionando sua maior responsabilidade. Segundo Lula, Campos Neto não tem qualquer compromisso com ele, mas sim com aqueles que apoiam juros elevados.
O presidente ressaltou que suas críticas são direcionadas à política de juros e não à instituição do Banco Central em si, pois não concorda com as decisões adotadas. Lula também questionou recentes declarações de Campos Neto, que sugeriu a necessidade de elevar os juros acima de 20% para atingir a meta de inflação de 3%.
Diante disso, Lula expressou sua indignação, afirmando que o presidente do Banco Central não pode estar falando a verdade e que, como presidente, tem o direito de reclamar dos equívocos cometidos. Ele ressaltou a autonomia do Banco Central, mas enfatizou que isso não significa que a instituição seja intocável.
Lula, que se encontrava no Reino Unido para a coroação do rei Charles 3°, retornará ao Brasil ainda neste sábado (6). Durante sua entrevista, o presidente ainda comparou a autonomia de Campos Neto com a do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, afirmando duvidar que o atual presidente tenha mais autonomia do que seu antecessor, destacando a importância de um governo que discuta e leve em consideração as preocupações do Banco Central.
As declarações de Lula evidenciam a polarização e o debate acalorado em relação à política econômica do país, em especial no que diz respeito à taxa de juros e à atuação do Banco Central.