Editorial

Mais custos para a produção de leite

Confira o nosso editorial desta terça-feira (5)

Por Da Redação
Ás

Mais custos para a produção de leite

Foto: Reprodução

A competição das indústrias pela compra de matéria-prima continuou acirrada durante agosto, contexto que resultou em um novo aumento nos preços do leite ao produtor. 

Segundo pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o valor do leite captado em agosto e pago ao produtor em setembro registrou alta de 1% em relação ao mês anterior, atingindo R$ 2,3827/litro na Média Brasil líquida, 2,5% acima da registrada em setembro de 2020, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de agosto/21).

Trata-se, também, de um novo recorde real da série histórica do Cepea. 

Desde o início deste ano, o preço do leite no campo acumula alta real de 6%. O aumento das cotações do leite, no entanto, não tem refletido em maior rentabilidade para o produtor, uma vez que a valorização no campo está atrelada justamente às intensas altas nos custos de produção. 

Dados do Cepea mostram que o custo operacional efetivo da atividade registrou expressivo avanço de 14% desde o início deste ano. 

Num contexto de adversidade climática, em que a estiagem prejudica a alimentação volumosa do rebanho, a elevação dos custos de produção, sobretudo dos insumos ligados ao manejo nutricional (como concentrado e suplementação mineral), tem desestimulado investimentos na atividade e, consequentemente, impedido um ajustamento rápido da oferta à demanda.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou ligeiro 0,89% de julho para agosto, puxado pelos aumentos no Rio Grande do Sul, de 4,2%, e no Paraná, de 1,6%. Vale lembrar, no entanto, que, no mesmo período do ano passado, a captação das indústrias consultadas pelo Cepea havia crescido 3,88% (2,9 pontos percentuais a mais que atualmente).

Para agentes de mercado consultados pelo Cepea, a demanda por lácteos não se recuperou como previsto e que as negociações estão enfraquecidas desde a segunda quinzena de agosto. 

Com a matéria-prima mais cara e com dificuldades em realizar o repasse da alta no campo ao consumidor, as indústrias de laticínios têm intensificado a concorrência na venda de derivados.

A pressão dos canais de distribuição tem resultado em desvalorização dos lácteos, prejudicando a capacidade de pagamento dos laticínios. 

Além da demanda enfraquecida, o aumento das importações pode frear o movimento de valorização do leite ao produtor no próximo mês. Porém, tudo irá depender das condições climáticas e do volume de chuvas no período.

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