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Major da reserva que diz saber quem matou Marielle Franco vai depor novamente

Militar Ailton Barros foi preso em operação sobre fraude em cartões de vacinação

Por Da Redação
Ás

Major da reserva que diz saber quem matou Marielle Franco vai depor novamente

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O major da reserva Ailton Gonçalves Moraes Barros, preso na quarta-feira (3) durante uma ação da Polícia Federal que investiga falsificação de certificados de vacina, vai depor novamente. A informação foi confirmada pelo diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, em coletiva no Palácio da Justiça, em Brasília. 

O major disse saber quem matou Marielle Franco, mas ficou em silêncio diante da Polícia Federal na quarta. “Certamente, ele (Ailton) vai ser inquirido novamente sobre isso, assim como análise dos materiais, outros interrogatórios que a gente venha a fazer”, afirmou Andrei na coletiva. A data do novo depoimento ainda será marcada.

Ailton Barros foi preso na Operação Venire, que apura a inserção de dados falsos de vacinação no sistema do Ministério da Saúde, inclusive do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da filha dele.

O diretor-geral da PF ainda disse que muito provavelmente, as provas da Operação Venire serão compartilhadas com o caso Marielle Franco. O assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que ocorreu em 2018, está sendo investigado de forma conjunta com apoio da Polícia Federal.

Entenda o caso 

Candidato ao cargo de deputado estadual nas eleições de 2022, Ailton enviou uma mensagem de áudio para o tenente-coronel Mauro Cid, que também foi preso na operação. Ele falava sobre a falsificação dos documentos, que contava com ao auxílio do ex-vereador do Rio, Marcello Siciliano, e ressaltou que o político carioca enfrentava “injustamente” problemas relacionados à morte de Marielle.

Ailton Barros enviou a seguinte mensagem de áudio, conforme transcrição feita pela Polícia Federal:

"De repente, nem precisa falar com o cônsul. Na neurose da cabeça dele [Siciliano], que ele já vem tentando resolver isso a bastante tempo, manda e-mail e ninguém responde, entendeu? Então, ele partiu para a direção do do cônsul, que ele entende que é quem dá a palavra final. Mas a gente sabe que nem sempre é assim, né? Então quem resolva, quem resolva o problema do garoto, entendeu? Que tá nessa história de bucha. Se não tivesse de bucha, irmão, eu não pediria por ele, tá de bucha. Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a p*** toda. Entendeu? ", afirmou Ailton Barros. 

De acordo com o que foi apurado pela PF, no dia 30 de novembro de 2021, Ailton Barros e Mauro Cid trocaram várias mensagens de áudio. As gravações foram transcritas pelos agentes da PF e incluídas no ofício enviado pela corporação ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação na quarta.

Segundo a PF, em um dos áudios, Ailton Barros comunicou a Mauro Cid que o ex-vereador do Rio de Janeiro Marcello Siciliano teria intermediado a inserção de dados falsos de vacinação nos sistemas do Ministério da Saúde, em benefício de Gabriela Santiago Cid, esposa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

De acordo com a investigação, como contrapartida pelo sucesso da inserção dos dados falsos, Ailton Barros solicitou a Mauro Cid que intermediasse um encontro de Siciliano com o cônsul dos Estados Unidos no Brasil para resolver um problema relacionado ao visto de entrada de Siciliano no país norte-americano.

Ailton Barros relatou a Mauro Cid que Siciliano estava tendo problemas com o visto em razão do envolvimento do nome do ex-vereador no caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Siciliano chegou a ser investigado na época do crime. Mas, depois de investigar, a polícia descartou a participação dele na morte da vereadora. 

A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados há cinco anos, em março de 2018. A Delegacia de Homicídios da Capital, o Ministério Público do Rio e, desde fevereiro, a Polícia Federal tentam desvendar o crime. 

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