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MPF envia ao Governo Federal documento com propostas de ações para combater racismo institucional na polícia

Texto apresenta 43 propostas de ação

Por Da Redação
Ás

MPF envia ao Governo Federal documento com propostas de ações para combater racismo institucional na polícia

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Ministério Público Federal (MPF) enviou ao Governo Federal um documento com propostas de ações para combater o racismo institucional na polícia. O texto foi encaminhado ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e ao ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida.

O documento, com 43 propostas de ação, foi elaborado por meio do Grupo Interinstitucional Contra o Racismo na Atividade Policial (GTI), ligado à Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional (7CCR). O documento foi enviado aos ministros pelo coordenador em exercício da 7CCR, subprocurador-geral da República José Adonis Callou de Araújo Sá

A expectativa do MPF é de que os resultados apresentados no relatório ajudem na construção de um arcabouço normativo que crie nas instituições federais os compromissos com a transparência de dados, com a eliminação de desigualdades internas e de práticas discriminatórias no exercício de suas funções.

Antes da construção das 43 propostas de ação, o MPF realizou um diagnóstico a partir do levantamento e de análise de diversos dados, como o perfil étnico-racial e de gênero de integrantes das carreiras policiais da União, sobre as academias federais de polícia, o perfil étnico-racial, de gênero e etário de pessoas autuadas ou indiciadas e dados sobre a letalidade decorrente da atuação das polícias federais. o órgão afirma que a evidência mais relevante na análise das informações é a conclusão de que não há tratamento adequado de informações sobre a atuação policial.

“Não existe forte cultura organizacional de transparência de dados em nenhuma das instituições, contudo, se trata de instrumentos de prestação de contas à sociedade e aos demais órgãos estatais que se relacionam com o planejamento, monitoramento e controle das polícias. Os poucos dados existentes, muitas vezes, não permitem análises cruzadas. Essas lacunas deixam evidente que as polícias federais são pouco engajadas em reflexividade, isto é, pensar o planejamento de ações a partir de diagnóstico dos resultados de ações passadas”, afirma o grupo no documento.

O texto é dividido em três eixos principais – perfil racial e étnico dos sistemas prisionais e da segurança pública; formação policial e protocolo de atuação antirracista. 

Ações

As propostas apresentadas pelo grupo da 7CCR envolvem a criação de normativos, recomendações, notas técnicas, campanhas e planos educativos. Entre elas, destacam-se a orientação às polícias pela proibição de perfilamento racial nas abordagens policiais; a identificação dos envolvidos em casos de mortes decorrentes por intervenção da atividade policial e recorrente uso da força; e a criação de um banco de boas práticas a ser divulgado de forma ampla aos membros do MPF.

Além disso, também foram propostas diretrizes voltadas para a equidade étnico-racial na composição das carreiras de servidores, nos cargos de chefias e na relação com o público no desempenho de suas ações; o equilíbrio da carga horária e a quantidade de cursos voltados para direitos humanos e educação humanística com os cursos dedicados à transmissão de técnicas de uso da força e outras definidas como “operacionais”.

Outras estratégias também envolvem a realização de atividades de forma a colocar os policiais em escuta direta e constante de populações vulnerabilizadas; implementação em caráter de urgência de um sistema de gestão acadêmica que possibilite transparência em relação aos dados; recomendação para que os editais e regulamentos dos concursos públicos e as normativas internas das instituições policiais não incorram em qualquer tipo de discriminação, como características corporais e capilares dos policiais; garantia às pessoas privadas de liberdade praticantes de religiões de matrizes africanas a liberdade de culto e o acesso à assistência religiosa; e adoção de protocolo que determine o uso ininterrupto das câmeras corporais pelos agentes durante o exercício da atividade exigida.

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