Mudanças climáticas podem deixar Amazônia vulnerável a incêndios 'naturais' nos próximos anos, diz Marina Silva
Floresta deve perder umidade em áreas de vegetação densa
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informou nesta quarta-feira (4) que a Floresta Amazônica está passando por uma alteração significativa no padrão dos incêndios. Em sessão na Comissão de Meio Ambiente do Senado, Marina afirmou que a crise climática tem contribuído para a redução da umidade da floresta, o que pode torná-la suscetível a incêndios naturais, um fenômeno incomum em regiões tropicais úmidas como a Amazônia.
Segundo a ministra, a principal causa de incêndios naturais em matas secas, como o Cerrado, é a descarga elétrica de tempestades, um cenário que pode vir a ocorrer na Amazônia se as condições climáticas adversas continuarem. Ela também apresentou dados que mostram que 32% das áreas atingidas por queimadas estão localizadas em vegetação florestal, um aumento em relação à série histórica recente.
Durante a audiência, Marina Silva ressaltou a necessidade de intensificar os esforços e o orçamento destinado ao combate às consequências das mudanças climáticas. Ela mencionou que o governo federal tem enfrentado um "paradoxo", sendo cobrado tanto por medidas de combate ao fogo quanto por investimentos em empreendimentos que podem agravar as queimadas.
O Brasil registrou em agosto o maior número de focos de queimadas desde 2010, com mais de 68 mil registros, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Além das queimadas, o país também enfrenta uma seca severa, considerada a mais grave desde 1950, que tem afetado praticamente todo o território nacional.