Política

Mudanças no WhatsApp podem contribuir para propagação de fake news nas eleições

Empresa anunciou novos recursos à ferramenta que permitem envio unidirecional a um número ilimitado de usuários

Por Da Redação
Ás

Mudanças no WhatsApp podem contribuir para propagação de fake news nas eleições

Foto: Pedro França/Agência Senado

A melhoria nas funcionalidades em canais no WhatsApp, divulgado na última quarta-feira (17), pela plataforma, pode auxiliar a propagação de desinformação nas eleições de 2024, de acordo com  especialistas consultados pela Folha. 

A empresa anunciou novos recursos à ferramenta que permitem envio unidirecional a um número ilimitado de usuários. Agora, os donos dos canais podem escolher até 16 administradores e têm acessos a novos itens que envolvem mensagens de voz, enquetes e o compartilhamento de cards no status, de modo similar aos stories do Instagram.

Os canais com número ilimitado de membros, agora atualizados, foram lançados no Brasil em setembro.

De modo geral, os especialistas ouvidos pela reportagem avaliam que não fica claro quais mecanismos a empresa pretende adotar para prevenir a proliferação no aplicativo de fake news e deepfakes, o que pode ser impulsionado pelos novos recursos disponíveis.

De acordo com Pedro Gueiros, pesquisador de direito e tecnologia no ITS (Instituto Tecnologia e Sociedade) do Rio de Janeiro, o aperfeiçoamento das funcionalidades traz benefícios importantes para a comunicação responsável, mas também facilita a desinformação, sobretudo no período eleitoral.

"A sofisticação da tecnologia é inevitável, mas é preciso reforçar mecanismos para as pessoas saberem se a notícia é confiável", afirma ele.

Um exemplo de mecanismo importante a ser reforçado, defende o especialista, é o uso de sinalizadores que possam indicar uma mensagem potencialmente desinformativa, além do direcionamento para páginas de verificação.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem mostrado preocupação com a propagação de fake news nas redes sociais no contexto das eleições municipais de outubro. O avanço das tecnologias em 2023 tornou mais sofisticada e acessível a elaboração das deepfake, que permitem a criação de vídeos e áudios falsos por meio de inteligência artificial.

No dia 25, uma minuta de resolução sobre propaganda eleitoral, que trata também da utilização desse tipo de tecnologia para manipulação de conteúdos e das obrigações de big techs, será discutida em audiência pública na corte.

Fora essa resolução, há o PL das Fake News, que estabelece obrigações e normas de transparência para redes sociais e serviços de mensagens privadas, mas que está parado na Câmara dos Deputados, e sobre o qual a Meta, dona do WhatsApp, já se posicionou contra.

A Folha perguntou à Meta como as mudanças divulgadas recentemente podem facilitar a propagação da desinformação e indagou que medidas a empresa planeja adotar para prevenir a disseminação de fake news no período eleitoral.

A empresa disse em nota que, após o lançamento dos canais, continua "o trabalho próximo aos checadores de fatos, que ganham uma nova ferramenta para fornecer às pessoas informações atualizadas e precisas sobre potenciais notícias falsas que circulam online".

Além disso, afirmou que os usuários têm escolha e controle sobre que canais seguir e que encoraja os usuários a verificarem fatos em fontes confiáveis. Disse ainda que os canais contam com ferramenta que limita o encaminhamento de atualizações.

Adicionalmente, o WhatsApp afirmou que "coopera diretamente com autoridades locais", incluindo o TSE, "por meio do cumprimento de ordens judiciais de fornecimento de dados coletados dos usuários", apontando que faz isso dentro das limitações da plataforma e em conformidade com a legislação brasileira.

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