Editorial

Natural e indesejável

Por Editorial
Ás

Natural e indesejável

Foto: Fábio Pozzebom

Manifestação popular alguma, apesar de legítima, é capaz de mudar uma dura realidade brasileira: a crise econômica que o país enfrenta há anos é séria, carregada de erros administrativos e desvios do dinheiro público, que chega em 2019 um pouco menos sufocada, mas em níveis muito preocupantes. A imediatez de medidas de contingenciamento, como na educação, é, entretanto, o ponto crucial para a médio longo prazo, o governo retomar o investimento,

A ida ontem à tarde do ministro da Educação, Abraham Weintraub, à Câmara dos Deputados para explicar o contingenciamento – bloqueio, não corte – no orçamento do setor, está longe de ser uma derrota ao governo. Apesar de alguns momentos de tensão e falas mais exaltadas entre ele e os parlamentares do centro e oposição, o episódio foi transparente, um enfrentamento necessário para melhor explicar que sacrifícios precisam ser efetuados para reorganizar os cofres públicos.

E ajustes nas finanças, convenhamos, é uma alternativa natural para muitos brasileiros em períodos economicamente conturbados. Nada é deixado de lado sem um planejamento de reaver aquilo que foi necessário perder para sobreviver. Com recursos contados, os investimentos em Educação jamais serão aniquilados de uma nação que a duras penas se reorganiza, apostando muitas fichas na aprovação da Reforma da Previdência e ganhar novo fôlego.

Que o 15 de maio fique marcado como um alerta ao governo para que alguns de seus ministros, como Weintraub, use a mesma transparência do evento de ontem na Câmara para explicar as decisões da pasta à população. Nunca foi fácil, mesmo, explicar medidas políticas econômicas à quem será diretamente impactado pelas mudanças emergenciais, como esta, que mais salvaguarda a ciência e pesquisa brasileira do que a destrói. Mas que o governo nunca se acomode com o bloqueio e produza conhecimento para reverter esse quadro.

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