Nazismo: homem que foi guarda de campo de concentração começa a ser julgado
Homem de 100 anos é acusado de ter participado do homicídio de internos entre 1942 e 1945
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A partir desta quinta-feira (7), um homem que foi guarda do campo de concentração de Sachsenhausen, no período nazista, comparece diante do tribunal estadual de Neuruppin, em Brandemburgo, para ser julgado. Ele é acusado pelo Ministério Público o acusa de ter participado do homicídio de internos entre 1942 e 1945 de modo "cônscio e voluntário" — em termos jurídicos, trata-se de cumplicidade em homicídio em 3.518 casos.
Abordando os crimes sob o viés concreto, o acusado teria contribuído para o fuzilamento de prisioneiros de guerra soviéticos, além de ter sido cúmplice de assassinatos em câmaras de gás.
Atualmente, a justiça alemã se ocupa em penalizar 17 suspeitos pelos seus papéis no regime nazista. Apesar dos réus já terem mais de 95 anos, o procurador-geral Thomas Will explica, em entrevista à Deutsche Welle (DW), que "a lei descarta a prescrição dos atos de homicídio, em especial no contexto dos crimes em massa nazistas. Portanto não cabe a pergunta se esses crimes ainda devem ser perseguidos hoje, pois eles precisam ser perseguidos. A meta de um processo penal é sempre estabelecer a culpa individual do ponto de vista penal", explica Will.
Thomas explica à DW que o processo contra o vigia só se realiza agora porque o "réu não nos era absolutamente conhecido, até se fazerem pesquisas nos chamados 'fichários de saque' do Exército Vermelho, no Arquivo Militar Estatal de Moscou. Depois de ele ser localizado e de investigações preliminares sobre sua trajetória e seu tempo de serviço em Sachsenhausen, entregamos o processo ao Ministério Público", explica o procurador-geral.
O Will dirige a Central de Esclarecimento de Crimes Nazistas em Ludwigsburg, no estado de Baden-Württemberg que, desde sua fundação em 1958, coleta informações para inquéritos preliminares sobre criminosos nazistas.