Número de nômades digitais nos EUA aumenta 131% desde 2019, indicando tendência global
Cidades buscam equilíbrio entre turismo e habitantes locais
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O surgimento do trabalho remoto gerou uma nova categoria de profissionais conhecidos como "nômades digitais" - trabalhadores sem endereço fixo. As estatísticas mais recentes dos Estados Unidos revelam que esse grupo já conta com quase 17 milhões de pessoas, representando um aumento significativo de 131% em relação a 2019, antes da pandemia de COVID-19.
Globalmente, a população de nômades digitais já alcança a marca de 35 milhões e a projeção é que esse número atinja 1 bilhão até 2035. Especialistas afirmam que as cidades preferidas por esses profissionais devem encontrar um equilíbrio delicado entre o turismo, os residentes locais e essa nova tendência que parece estar aqui para ficar.
Esse fenômeno está causando transformações em algumas cidades ao redor do mundo. A Cidade do México, capital mexicana, estabeleceu uma parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para se promover como um centro global para trabalhadores remotos e como um destino para o turismo criativo. Em apenas três anos, o número de acomodações temporárias na cidade triplicou como resultado dessa iniciativa.
No entanto, o rápido crescimento da população de nômades digitais também deu origem a um problema, já que a crescente demanda por acomodações levou alguns proprietários a converterem suas residências em locais específicos para acomodar esses viajantes. Esse movimento tem criado distorções no mercado imobiliário que afetam negativamente a população local, um cenário que está se desenrolando em Lisboa, Portugal.
De acordo com um estudo realizado por uma organização portuguesa que monitora a crise habitacional no país, um apartamento de um quarto nas áreas mais procuradas pelos nômades digitais pode chegar a custar cerca de 800 euros por mês, superando o salário mínimo português de 760 euros.
"Está se tornando difícil encontrar acomodações locais, que estão se tornando muito caras. Como lisboetas, sabemos que circular no centro da cidade está se tornando cada vez mais complicado", relata Gonçalo Hall, CEO da NOMADX.