Nunes diz que deve ir a ato chamado por Bolsonaro
O prefeito ainda elogiou Bolsonaro por pedir para que os manifestantes não levem faixas e cartazes de ataques em geral
Foto: Wilson Dias/Marcelo Camargo | Agência Brasil
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse nesta sexta-feira (16) que deve comparecer à manifestação a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) marcada para o dia 25, um domingo, na avenida Paulista.
"Devo comparecer. A gente tem uma gratidão muito grande ao presidente Jair Bolsonaro", disse, lembrando a negociação da prefeitura que perdoou dívida da prefeitura envolvendo o Campo de Marte e também, segundo ele, o atendimento aos interesses da cidade.
A declaração foi dada em evento de entrega de moradias no Sacomã (zona sul de SP), com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que também já disse que irá ao ato com o ex-presidente.
"[Bolsonaro] deve me apoiar, portanto, evidentemente eu preciso ser solidário e parceiro. A minha amizade com Tarcísio é importante. A tendência é que eu vá, inclusive, se ele me der carona no carro", disse Nunes, ao que o governador respondeu que ele está convidado.
Nunes começou sua resposta à pergunta sobre o ato citando uma frase de Castro Alves: "A praça é do povo [como] o céu é do condor. Tem gente que defende a democracia, mas só se gostar do que ele gosta, se defender o que ele defende. A verdadeira democracia é ampla", disse.
"Algumas pessoas parecem querer transformar um ato que é da democracia em algo que não seja."
O prefeito ainda elogiou Bolsonaro por pedir para que os manifestantes não levem faixas e cartazes de ataques em geral.
Nunes e Tarcísio cultivam uma relação de atritos e aproximações com a base bolsonarista e são frequentemente cobrados a se posicionar publicamente em defesa do ex-presidente pelos aliados mais próximos de Bolsonaro.
O prefeito vai disputar a reeleição neste ano e busca o apoio do ex-presidente para a campanha, incluindo a opção de indicar um vice do PL para a chapa. Por ora, Bolsonaro indica estar aliado a Nunes.
O elo entre os dois é explorado pelo principal rival na eleição, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), apoiado pelo presidente Lula (PT). Como mostrou a Folha de S.Paulo, a posição do emedebista e o silêncio perante as investigações sobre golpismo são tachados pelo psolista como omissão e falta de comprometimento com valores democráticos.
No início da semana, Bolsonaro gravou vídeo no qual chama apoiadores para o ato na Paulista. A mensagem começou a ser espalhada por aliados na segunda (12), em meio às investigações da Polícia Federal sobre a atuação do ex-mandatário em uma trama golpista.
No vídeo, Bolsonaro pede aos apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de "estado democrático de direito". "Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses", afirmou.
Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.
Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados no último dia 8.
O ex-presidente já foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.