O Cisne Vermelho

Artigo de Matheus Oliva - Empresário do Setor Marítimo

Por Da Redação
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O Cisne Vermelho

Foto: Divulgação

Por Matheus Oliva

As três ocorrências que mais atemorizam seres humanos em função da dor e dos danos capazes de infligir em devastadoras quantidades são: a força destruidora da natureza, as doenças epidêmicas letais e a guerra. Das três, o grau de capacidade de prevenção e escape dos seres humanos é, por óbvio, inversamente proporcional ao seu papel. Pouco pode fazer o ser humano contra a força da natureza. Muito pode fazer contra a natureza humana. Guerras são exclusivamente humanas, podem ser evitadas.

Em tempos atuais essas três forças agem simultaneamente. Maremotos, terremotos, furacões, enchentes, secas, erupções vulcânicas, extremo frio, extremo calor. Em todas as regiões do globo terrestre, a natureza tem se manifestado completamente diferente da tendência histórica recente. Problemas virais e bacteriológicos de grandes proporções não apenas atacam humanos, mas também a produção de alimentos de origem animal ou vegetal. Guerras fronteiriças, ideológicas, religiosas e comerciais estão espalhadas pelo planeta.

Tempos muito difíceis exigem elevada sabedoria e profunda ciência convivendo intensamente para que se chegue a caminhos que possam amenizar tanto sofrimento. O bom convívio melhor se dá através da política. Para sabedoria elevada e ciência profunda se entenderem, obviamente sistemas políticos não podem ser rasteiros, vis e, pior, criminosos. Esta é uma questão global. A população humana explodiu em número devido à sua capacidade racional. O planeta Terra está cada dia menor para tanta gente, apesar de ainda ser grande. O mundo está em disputas geopolíticas porque o ser humano procura se proteger entre os seus e derrotar os que o ameaçam. Em casa que falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão.


Guará Vermelho - Parque das Aves - Foz do Iguaçú. Crédito Matheus Oliva

México é uma palavra que tem origem na civilização Asteca, dizimada em carnificinas propagadas pelos espanhóis. Cientificamente, a civilização asteca foi impressionantemente avançada em sua capacidade de engenharia. Politicamente, nem tanto. O sacrifício humano era um ritual corriqueiro. Crianças e jovens eram oferecidos aos deuses para prover chuva, bonança, fartura e sempre algo mais. Guerreiro opositor capturado e destacado por coragem e força tinha seu coração arrancado e oferecido aos deuses. Os astecas praticavam o mal para obter o bem. México, etimologicamente falando, significa "Umbigo do Mundo". Astecas também eram imperialistas violentos. Hoje, o México, rico em história e pobre em glórias, é marcado pela opressão e domínio de cartéis cuja abundante riqueza advém de práticas criminosos e a extrema violência advém da falta de política. Um estado paralelo primitivo, tão letal quanto o Hamas.

Canadá vem da palavra "Kanata", usada pelos nativos Iroques no encontro com o explorador Jacques Cartier para indicar o "caminho". O país tem um território vasto, porém inóspito, e é rico em recursos naturais. No oeste, a imigração chinesa, impulsionada pelo crescimento econômico da China, transformou Vancouver em um polo de investimentos imobiliários chineses. A compra agressiva de imóveis elevou os preços a níveis estratosféricos, criando uma crise habitacional. Em resposta, o governo impôs restrições à compra de imóveis por estrangeiros, não foi xenofobia mas sim uma relaçao de mercado sagaz. Com uma população pequena, mas rica, o Canadá tem adotado políticas de imigração para sustentar seu alto padrão de vida. Com as fronteiras abertas, recebeu células terroristas do oriente médio, hoje, lá abrigadas. 

As autocracias dominam vastas regiões do mundo, restringido liberdades e disseminando propaganda. Os EUA resolveram se mexer, pois duas outras potências nucleares atuam de maneira agressiva em suas respectivas zonas de influência, sem se preocupar com direitos humanos e diplomacia. A China tomou Hong Kong como um camaleão engole um mosquito, milésimos. A Rússia atacou a Ucrânia como um urso velho urso desdentado ataca um porco-espinho jovem, forte e corajoso. Sangram. Nos EUA, O Governo Trump divide especialistas entre previsões econômicas apocalípticas e possibilidades de corrosão irreversível da democracia americana. Ninguém consegue prever nada com base em manuais. Trump age mais por instinto do que por razão. É um Tsunami. Com a elevação das tarifas, ele arrisca uma guerra econômica de difícil previsão. Quem discorda que é melhor guerra tarifária do que carnificina ideológica? Um discurso pacifista raro de se ver, e que a imprensa ignora: quantas vezes Trump se solidarizou com os milhares de mortos em território ucraniano?

Nassim Taleb, brilhante e provocativo, se notabilizou com seu livro “A Lógica do Cisne Negro”. Eis que agora surge a "Lógica do Cisne Vermelho", uma força imprevisível e, de alguma forma amedontradora que abala as estruturas da ordem mundial.
A história ensina: onde há liberdade, há prosperidade. É preciso coragem. No tabuleiro global, onde grandes potências disputam influência e poder, moldando o futuro da humanidade, o Brasil cambaleia sem saber qual seu destino. O que nos ameaça de maneira sangrenta e poderosa é o crime organizado que já ocupa vasto território nacional com suas próprias leis e políticas, subjugando o povo inocente e honesto que sofre muito mais do que um convicto estuprador sofreu com pulsos algemados em vôo de deportação. Hoje, para qualquer residente de territórios dominados pelo crime organizado, o medo venceu a esperança. Já faz tempo.

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