'O povo não tem dinheiro pra comprar o produto', diz revendedor de botijão de gás após novo reajuste
Em Salvador, três aumentos foram registrado somente em 2022
Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O valor do botijão de gás está cada vez mais caro e isso não é novidade para as famílias baianas. No entanto, o último aumento, anunciado na semana passada pela Petrobras, foi considerado um dos mais expressivos dos últimos tempos. O gás de cozinha teve uma elevação de 16,1% e é o terceiro reajuste feito neste ano.
O primeiro aumento do ano foi anunciado em fevereiro, quando o valor foi repassado para o consumidor entre R$ 5 a R$ 7 a mais no preço que já estava em vigor. O segundo reajuste foi no início de março, quando foi de 3,24%, o que representa entre R$ 2 e R$ 3 a mais no valor do gás.
O constante aumento tem provocado impactos nas distribuidoras e revendedoras do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Além da redução do número de vendas, as empresas também precisaram reduzir o quadro de funcionários na tentativa de manter o estabelecimento aberto, como é o caso da Santos & Vieira, revendedora de botijão de gás localizada no bairro de Dom Avelar.
De acordo com o proprietário, Alexandre Santos, está cada vez mais difícil trabalhar com o gás de cozinha. "O povo não tem dinheiro nem para comprar comida pra botar no fogo. Com a queda na venda do botijão do gás de cozinha, tivemos muitas demissões e não temos uma previsão de quando poderemos repor o nosso quadro de funcionários", disse ao acrescentar que por causa do atual cenário, eles acabam não repassando todo o reajuste para o consumidor final, o que prejudica diretamente a empresa.
"O consumidor está procurando outros meios para cozinhar, seja lenha ou álcool. Não tem como poupar gás, uma vez que se usa todos os dias. O povo não tem dinheiro para comprar o produto", disse.
Questionado sobre os meios de pagamento que estão sendo utilizados, Alexandre Santos afirmou que as vendas no cartão de crédito parcelado tiveram um aumento "assustadoramente". "Isso é preocupante porque vai chegar em um momento em que nem no cartão de crédito poderão comprar mais".
Impacto no bolso do consumidor final
Moradora do Engenho Velho da Federação, Eliana Santana, disse ao Farol da Bahia que antes um botijão de gás durava cerca de três meses em sua residência, onde mora com a mãe e a filha. "Não sei o que aconteceu, eu penso em estratégias, tento, mas agora só conseguimos manter dois meses", pontuou.
Segundo Eliana, para tentar pagar mais barato no botijão, ela fica de olho nos descontos das revendedoras e em sites parceiros. "Aqui em casa eu corro atrás dos descontos. Minha filha é associada do Bahia e tem direito a R$ 15 de desconto. Aí a gente pede no aplicativo, coloca o código e recebe esse desconto", afirmou.
Já Vitoria Santtana, moradora do bairro de São Marcos, diante dos aumentos no preço do gás buscou junto com a mãe, uma maneira de tentar economizar no produto. Segundo ela, comidas como arroz e feijão são feitas em grandes quantidades para serem armazenadas no congelador.
"Alimentos que vão ao forno, também não estamos fazendo mais porque o forno gasta mais o gás. Estamos dando preferência para frituras ou alimentos cozidos. Está muito mais difícil utilizar o forno agora", completou.
Também morador de São Marcos, Ivan Ranulfo, afirmou que o gás dura somente dois meses na casa em que mora com a esposa. Na tentativa de economizar, os dois têm cozinhado em grande proporção para que o alimento fique armazenado durante a semana toda.
"A gente cozinha uma vez por semana e congela. Nos finais de semana que utilizamos mais o fogão porque os dois estão em casa, mas durante a semana tentamos congelar", explicou à reportagem.