Ônibus seguem sem circular no bairro de Valéria pelo 4º dia, após protestos por morte de jovem

Os ônibus seguem sem circular na região da Lagoa da Paixão e no Bairro de Valéria, em Salvador, nesta quinta-feira (19), pelo quarto dia consecutivo. O serviço foi suspenso na segunda-feira (16), após protestos de moradores por causa da morte do jovem Wendell de Aragão Pinto Ferreira dos Santos, de 18 anos, em uma abordagem da Polícia Militar.

Segundo a Secretaria de Mobilidade (Semob), os coletivos voltaram a circular no bairro de Vista Alegre na tarde de quarta-feira (18), depois das autoridades de segurança pública “garantirem as condições necessárias para o retorno”. 

Na quarta, as aulas foram suspensas em quatro colégios do bairro. As escolas Nossa Senhora Aparecida, São Francisco de Assis, Professor Ítalo Gaudenzi e Cmei Paulo Bispo Braz, ficaram com os portões fechados. Ao todo, 2.225 alunos foram atingidos. O Farol da Bahia procurou a Secretaria Municipal da Educação (Smed) para saber se as aulas serão retomadas nesta quinta e aguarda o retorno da pasta.

Morte de Wendell

O jovem de 18 anos foi atingido com um tiro na barriga por policiais enquanto andava de motocicleta no bairro. Wendell estava na companhia de um amigo de 14 anos que também foi baleado, mas já recebeu alta hospitalar.

A Polícia Militar informou que o caso ocorreu após confronto entre a dupla e equipes da corporação na rua Morada da Lagoa. Já os moradores contestam a versão.
Segundo os moradores, os dois jovens estavam sem capacete quando três policiais ordenaram que eles parassem. A dupla seguiu por mais alguns metros e pararam na frente de uma casa, em um trecho da rua que estava iluminado. Os policiais então atiraram nos jovens, que já estavam rendidos e de costas.

Já a PM diz que ao perceberem a presença da polícia, os suspeitos atiraram nos agentes, que revidaram. Os dois jovens citados como suspeitos pela corporação foram baleados.

Protestos

Desde segunda-feira familiares das vítimas e moradores de Valéria realizam protestos no bairro. Na terça-feira (17), o grupo queimou pneus para fechar a entrada da comunidade, além de arremessar pedras e garrafas contra policiais militares que estavam no local. Os agentes revidaram com tiros de bala de borracha. Uma mulher foi atingida na perna.

Wendell era órfão de mãe e o pai dele mora em outro estado. Ele era criado pela avó, que morreu há três meses. A família afirma que o rapaz não tinha envolvimento com a criminalidade.

Na quarta, a população caminhou com balões brancos e pedidos de justiça, horas após Wendell ser sepultado no cemitério Vale da Saudade.