Otto diz que usou palavras técnicas e dentro da linguagem parlamentar "adequada" para interrogar Nise Yamagushi
Segundo o senador, o comportamento aconteceu por ele considerar que a médica mentiu deliberadamente na Comissão
Foto: Agência Senado
O senador Otto Alencar (PSD-BA) disse nesta quarta-feira (2) na CPI da Pandemia que usou palavras técnicas e dentro da linguagem parlamentar "adequada" para interrogar a médica Nise Yamagushi na véspera. Diversos vídeos circularam na internet de trechos do interrogatório que mostram interrupções contínuas e a médica pedindo para responder. Segundo o senador, o comportamento aconteceu por ele considerar que a médica mentiu deliberadamente na Comissão.
"O que quis fazer? Quis mostrar que nunca deu certo se levar uma medicação para o tratamento de uma doença uma medicação velha, antiga realmente, que é o caso da hidroxicloroquina e outras medicações, para uma doença nova e desconhecida. O que eu perguntei é se a Dra. Nise tinha feito ou fez os exames pré-clínicos ou clínicos, que envolvem, inclusive, quatro fases. Ela não teve como comprovar isso, absolutamente. Ela tinha as informações; não eram informações científicas", detalhou Otto.
Antes mesmo de Otto, outros senadores se posicionaram. O senador Marcos do Val (Podemos-ES), afirmou ter ficado triste e envergonhado com o comportamento do colega. "A forma como ele está conduzindo está trazendo um desconforto para todo mundo, integrantes da CPI, para os brasileiros, para as pessoas que estão sendo convidadas. Então, eu peço a todos que nós possamos conduzir isso de forma mais profissional, mais equilibrada, sem atitudes passionais e sem querer humilhar ninguém", registrou.
Por outro lado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), falou entender que todas as questões levantadas pelo Senador Otto foram técnicas. "Quando ele se referiu à depoente por estar faltando a verdade, foi tecnicamente que o Senador Otto se referiu. Portanto, aqui quero dizer que o Senador Otto teve um desempenho, evidentemente, em momentos com indignação muito exacerbada, mas compreensível, e foi bastante esclarecedor para todos nós", opinou.
Otto Alencar ainda ponderou que o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, usa uma linguagem "distinta" e citou exemplos de tratamento a jornalistas, como ter chamado profissionais de "quadrúpede" ou de "idiota". "Chamou várias vezes as pessoas de maricas. Atinge as pessoas com palavras de baixo calão. Por que os senadores bolsonaristas também não fazem uma criticazinha para mudar o comportamento errático, inadequado de um Presidente da República? E veem a mim. Eu não pronunciei uma palavra fora do padrão científico e médico", explicou.