Saúde

Mais de 40 mil brasileiros sofrem de Câncer de Cabeça e Pescoço

Sobrinha-neta de Tarsila do Amaral possui uma das subcategorias deste tipo de câncer

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Mais de 40 mil brasileiros sofrem de Câncer de Cabeça e Pescoço

Foto: Reprodução

Pouco conhecido por esse nome o câncer de cabeça e pescoço (CCP) é uma denominação que pode englobar vários tipos de câncer, incluindo tumores na região da boca, tireoide e faringe. 

Os três tipos de tumores citados anteriormente são os mais populares no Brasil. Segundo dados fornecidos pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se um total de 41.780 novos casos dessa categoria de câncer em 2019.

De acordo com o INCA, os homens são os maiores portadores de CCP do Brasil. Dos três tipos de tumores mais registrados em 2019, 29.060 deles foram detectados em pessoas do sexo masculino.

Segundo o chefe, e especialista, de Clínica da Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Marco Aurélio Kulcsar, essa grande incidência deste tipo de câncer no sexo masculino se da pelo maior consumo de álcool e cigarro do que a mulher. 

Mais de 80% dos pacientes do Brasil com tumor maligno na cavidade oral, laringe e faringe, eram tabagistas e cerca de 70% também consumiam bebidas alcoólicas, de acordo com o INCA.  

Como o CCP tem várias subcategorias podem existir vários sintomas diferentes decorrente do tipo de CCP que foi diagnosticado.

 

Sintomas

Inicialmente, os tumores de cabeça e pescoço podem ser atípicos, por isso, deve ser realizado com frequência os exames de rotina. 

Com o avanço da doença, alguns sinais e sintomas podem aparecer, como dores locais, sangramentos e machucados com maior tempo de recuperação, além de caroços no pescoço, mudança na voz e rouquidão, e dificuldade para engolir.

O grande problema desse câncer é seu diagnostico tardio no Brasil. Seis em cada 10 pacientes descobrem a doença em estágio avançado, diminuindo as chances de cura em 40%, segundo informações do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

Tratamento

Ações de alerta e informação, como a divulgação da Campanha Julho Verde, mês dedicado à conscientização da doença, são essenciais para incentivar as pessoas a irem a consultas de rotina pelo menos uma vez ao ano.

Segundo o INCA, uma vez que o câncer for detectado precocemente, a probabilidade de cura pode chegar a 90%.

Os tratamentos terapêuticos para CCP podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo ou uma combinação de tratamentos. 

A localização do tumor, o estágio da doença, a idade do paciente e o quadro geral de saúde são fatores que contribuem para a escolha do tratamento mais adequado para cada paciente. 

O mais importante é o tratamento individualizado, considerando as particularidades de cada caso, oferecendo o melhor tratamento disponível.

É importante salientar que durante todo o processo de tratamento de um câncer é necessário a presença de vários profissionais desde os clínicos cirúrgicos até psicólogos.

 

Os três tipos mais populares de CCPs 

Câncer de Laringe 

O câncer de laringe está relacionado, principalmente, ao hábito de fumar. Os primeiros sintomas, em geral são a alteração da voz. Com o crescimento do tumor o paciente pode protagonizar crises de falta de ar.

Assim, homem ou mulher que fuma e está rouco por mais de 15 dias, deve ser realizar uma laringoscopia para descartar um câncer de laringe na fase inicial.

Câncer de Tireoide

No caso de câncer de tireoide, o sexo mais atingido é o feminino, sendo o diagnóstico feito através do exame de palpação e complementado com a ultrassonografia. 

São 8.040 casos registrados entre 2018-2019 deste tipo de câncer em mulheres contra 1.570 registrados em homens, segundo dados do INCA.

O tratamento dessa doença é com a cirurgia e em alguns casos complementar com o iodo radioativo. 

As chances de cura são ao redor de 95%, nos tipos mais comuns que é o carcinoma papilífero.

Câncer de Boca

Geralmente surge em pessoas com mais de 45 anos, e apesar de ser mais popular entre homens, o câncer de boca apresenta um alto índice nas mulheres nordestinas. Cerca de 3,12% de 100 mil mulheres no Nordeste tem esse tipo de câncer.

O câncer na cavidade oral pode ter cura se tratado devidamente, mas se for diagnosticado muito tarde pode levar a morte, como ocorreu em 2017, quando foram registrados 6.296 mortes no Brasil por causa do câncer de boca.

Um dos canceres de boca mais comum é o câncer de língua, que apesar de não ser hereditário, atingiu a sobrinha-neta da renomada pintora brasileira, Tarsila do Amaral, que também sofria do mesmo problema.

Tarsila do Amaral, sobrinha-neta da pintora modernista com o mesmo nome, possui câncer de língua há cinco anos. I Arquivo Pessoal

Convivendo com um câncer

Tarsila do Amaral, de 54 anos, descobriu que tinha o câncer de língua há cinco anos atrás. "Eu achei que estava com uma afta no local, e não imaginava que era grave, pois nunca tinha ouvido falar em câncer de língua", afirmou a produtora cultural. 

Segundo o Doutor Kulcsar, os sinais e sintomas iniciais para esse tipo de câncer são justamente as aftas, que Tarsila citou. Geralmente elas não se cicatrizam por mais de 15 dias, e em alguns casos podem sangrar e causar dor com a manipulação.

Tarsila afirmou que logo após o diagnóstico, foi encaminhada para o oncologista onde passou por uma cirurgia que durou 11 horas. Na cirurgia foi removido um pedaço da sua língua. "Precisei colocar uma sonda gástrica, pois não podia comer e fiquei um tempo sem falar", afirmou a sobrinha-neta de Tarsila do Amaral. 

Nos casos mais complexos, como o de Tarsila, além da cirurgia é necessária a realização de radioterapia e quimioterapia para suplementar o procedimento e obter melhor resultado na cura do câncer. "Comecei o tratamento de quimioterapia e radioterapia, que foi muito doloroso e difícil, me sentia muito mal e tive vários efeitos colaterais, mas com o tratamento, consegui voltar a comer e falar", disse Tarsila.

Segundo o especialista, Doutor Kulcsar, é possível levar uma vida normal já que na maioria dos casos, se detectado cedo, o câncer é tratado através de cirurgia e não deixa sequelas funcionais importantes, fazendo com que o paciente retorne a sua vida normal em um período breve, além de a cura ficar ao redor de 80 a 90%. 

Mas devido a probabilidade desses indivíduos terem um segundo tumor, o Doutor Kulscar, sugere que estes parem de fumar e ingerirem bebidas alcoólicas e para assim seguir um estilo de vida saudável. 

Tarsila confirma o depoimento do médico e complementa

Prevenção do câncer de boca e de outros CCPs

Assim como o Doutor Kulcsar, o INCA indica que o melhor jeito de evitar esse tipo de câncer é tirar da rotina o consumo do tabagismo e álcool.

Além disso, é importante manter uma boa higiene bucal, usar preservativo durante o sexo oral. Além de manter uma alimentação saudável.
 

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