Países ricos geram 10 vezes mais impacto climático que países de menor renda, diz ONU
Relatório aponta que a extração dos recursos naturais da Terra triplicou nos últimos 50 anos
Foto: Unicef/KC Nwakalor
Países ricos consomem seis vezes mais materiais e geram 10 vezes mais impactos climáticos que os países de baixa renda. A conclusão é do relatório divulgado, nesta sexta-feira (1), pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com o Painel Internacional de Recursos (IRP) durante a 6ª sessão da Assembleia Ambiental da ONU.
O documento também aponta que países de renda média-alta mais do que duplicaram a extração e uso de recursos nos últimos 50 anos devido ao crescimento de suas infraestruturas e à realocação de processos intensivos em recursos pelos países de renda alta.
Por outro lado, o uso de recursos per capita e os impactos ambientais a ele relacionados nos países de menor renda permaneceram relativamente baixos e quase inalterados desde 1995.
O texto também revela que a extração dos recursos naturais da Terra triplicou nos últimos 50 anos. Segundo a Pnuma, isso ocorreu por causa da enorme construção de infraestruturas em muitas partes do mundo e aos elevados níveis de consumo de materiais, especialmente nos países de renda mais alta.
As perspectivas para o futuro também não são otimistas, já que a previsão é de que a extração de materiais aumente 60% até 2060. O programa indica que esse aumento pode inviabilizar os esforços para alcançar não só as metas globais em matéria de clima, biodiversidade e poluição, mas também a prosperidade económica e o bem-estar humano.
O relatório conclui que o crescimento da utilização de recursos desde 1970, de 30 para 106 bilhões de toneladas – ou de 23 para 39 quilogramas de materiais utilizados, em média, por pessoa e por dia – tem impactos ambientais dramáticos.
No geral, a extração e o processamento de recursos são responsáveis por mais de 60% das emissões que provocam o aquecimento do planeta e por 40% dos impactos da poluição atmosférica relacionados com a saúde.
A extração e processamento de biomassa, nas culturas agrícolas e na silvicultura, por exemplo, são responsáveis por 90% da perda de biodiversidade relacionada com o solo e o estresse hídrico, bem como por um terço das emissões de gases de efeito estufa.
Da mesma forma, a extração e processamento de combustíveis fósseis, metais e minerais não metálicos, como areia, cascalho, argila, representam em conjunto 35% das emissões globais.
“A tripla crise planetária das alterações climáticas, da perda da natureza e da poluição é impulsionada por uma crise de consumo e produção insustentáveis. Devemos trabalhar com a natureza, em vez de apenas explorá-la”, afirmou Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma.