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Para os amantes de mangás: colecionador de Salvador coloca à venda mais de mil revistas

O designer baiano, Wilson Gonzaga, conta como começou a colecionar as revistas de desenhos japoneses

Ás

Para os amantes de mangás: colecionador de Salvador coloca à venda mais de mil revistas

Foto: Reprodução

Em Salvador, o colecionador de mangás, o designer Wilson Gonzaga, dono de um gigante acervo, resolveu, depois de alguns anos, vender as revistas para os aficionados – assim como ele – dos desenhos japoneses. 

O amor pelos animes vem desde a infância, mas a coleção começou aos 13 anos, quando saiu de Candeias, sua cidade natal, para estudar em Salvador. 

O Farol da Bahia conversou com ele para saber tudo sobre esta história! Confira!

Farol da Bahia: Quando começou a sua paixão pelos mangás e quando começou a colecioná-las?

Wilson Gonzaga: Eu desde bem pequeno já amava os animes (desenhos japoneses), tokusatus e supersentais (séries de heróis japoneses). Na época, sem internet, eu tive meu primeiro contato através da tv aberta, pela Manchete, onde assistia Cavaleiros do Zodíaco, Jaspion, Changeman, entre outros, e fui crescendo consumindo tudo o que podia e tinha acesso. Contudo, o descobrimento do mangá veio aos 13 anos, lá em 2002, quando vim morar em Salvador e, o engraçado, é que foi bem por acaso.

Eu morava em Candeias, mas aí meus pais resolveram me matricular aqui em Salvador para o ensino médio. Como ainda tinha 13 anos, foi combinado que eu ia morar um tempo com meus tios aqui e ficaria voltando pra Candeias para ficar com minha família aos fins de semana, pois pagar uma condução seria muito custoso para eles na época.

Apesar de gostar de meus tios, eu era um adolescente, sem conhecer nada e ninguém do bairro, morando com duas primas mais novas que ainda estavam no primário e ginásio; resumindo: era um tédio danado! Minhas únicas atividades, com exceção de estudar, eram: ouvir fitas (que eu mesmo gravava), assistir o top 10 da MTV (disputando o controle da tv com minhas primas e geralmente perdendo) e dormir.

No caminho para ir pro ponto onde eu pegava o ônibus para ir pro colégio, tinha uma banca de revistas que eu sempre passava e dava uma olhada, pois eu já era um aficionado por revistas em quadrinhos, revista de games, o pacotinho nerd completo. Tinha até pequenas coleções do Homem-Aranha, Batman, Turma da Mônica, mas não era nada muito sério, já que eu comprava ou meu pai me dava de forma bem aleatória. 

Um belo dia, ao passar por essa banca, eu vi lá uma "revista" de Cavaleiros do Zodíaco. Ainda lembro que você levava o volume 1 e 2 numa promoção que vinha ambos juntos no plástico. Eu já conhecia os Cavaleiros do Zodíaco, assisti na infância, mas nunca cheguei até o fim, pois na Manchete, quando chegava em um determinado capítulo, eles começavam a repetir. Acontecia bastante isso na TV aberta. Então peguei e pensei: "Por que não?". E foi aí que começou todo o encanto. Descobri que o método de ler era diferente, estranhei no começo o preto e branco, mas logo depois fui acostumando e pegando gosto pelo estilo, então chegou volume 3 e 4, 5 e eu comprando para continuar acompanhando a história, coisa que eu não conseguia fazer com quadrinhos ocidentais devido à confusão de continuidade que eles faziam na época. 

Logo depois chegou também Dragon Ball, Samurai X, etc. Eu já tinha visto o anime da maioria, mas com os mesmos problemas, sempre incompletos. O mangá além de trazer a obra original, ele geralmente ia até o seu fim e isso era muito massa para mim! 

Lembro que meu pai me dava 50 reais para transporte, merenda e lazer por semana. Eu não comprava lanche no colégio e voltava para casa andando várias vezes, só para juntar dinheiro para comprar todos os mangás que tivessem disponíveis (risos)! Ficava todo mês ansioso para chegar os novos volumes. O tédio tinha ido embora e deu lugar a um hobby delicioso.     

FB: Quantas revista tem no acervo?
WG: Eu cheguei a obter 1300 mangás se não me falha a conta. Consegui vender até então por volta de 150, então atualmente tenho 1150.

FB: Quais são as histórias? 
WG: Então, eu falei que chegava na banca e pegava de tudo né? Não foi jeito de falar, foi sério mesmo (risos)! Eu ia pra bancas maiores, como a da rodoviária e saía pegando tudo o que podia. Eu comecei por um gênero mais de ação, que eles chamam de "Shonen/Shounen" que é justamente mais para o público adolescente. O próprio Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball são exemplos. Com o tempo passando eu fui conhecendo outras histórias como romance, comédia, esporte, mistério, aventuras em outros mundos, colegial até chegar em gêneros mais adultos com terror, política, drama, suspense que trazem, inclusive, muitas reflexões reais, assuntos filosóficos e psicológicos com reviravoltas inesquecíveis. Eu teimo em dizer que tem mangá de tudo e, se você procurar algum gênero e não achar, conte de um até 10 e tente procurar de novo.   

FB: Por que surgiu a ideia de vende-las? 
WG: Então, chegou um momento, lá em 2013 ou 14, não me lembro bem, que eu não conseguia mais acompanhar, pelo menos não como eu fazia antes. A quantidade de lançamentos cresceu bastante, pois a cultura japonesa já tinha começado a achar seu espaço aqui na Bahia, que já possuem eventos anuais como Anipolitan, Anibahia e Bon Odori. 

Comecei a notar o aumento do valor dos mangás de forma considerável e passei a perder alguns volumes, pois eram tantos que eu colecionava que alguns passavam e quando eu ia ver na banca ele já estava mais avançado. Aos poucos fui diminuindo as compras, até que colecionar foi ficando realmente difícil. 

No começo eram uns 3 ou 4 mangás no mês e que não eram mais caros do que 5 reais. De repente eu estava, por mês, adquirindo bem uns 15 mangás que variavam de 6,90 a 14,90 cada. Já um jovem adulto, com contas para pagar e um salário de estagiário, não tinha mais economia de lanche e transporte que desse conta disso.

Como eu fiquei um bom tempo com a coleção parada, pensei que era um desperdício, pois, além de não revisitar meus mangás, penso que é divertido você ter uma coleção enquanto você continua colecionando. Era o que eu mais gostava, além de ler. Ver meu armário lotado e todo colorido de mangás. Dessa forma, juntei o útil ao agradável: faço a passagem dos mangás para pessoas que continuam colecionando, e para novos colecionadores que procuram mangás mais antigos ou edições raras, de quebra ainda ganho uma renda com isso. Essa decisão já tinha sido tomada anos atrás, mas só agora, depois de duas mudanças de casa e muito trabalho para mover esse acervo, que eu resolvi colocar em prática.
 
FB: Qual o seu sentimento diante da venda das revistas?
WG: Hummm, não posso dizer que é super tranquilo. É uma coleção e tanto. Nunca fiz isso com outra coisa em minha vida. Quando eu abri as caixas para poder limpar e organizar, reencontrei muitos momentos legais, chorei de novo ao ler um deles (Slam Dunk, Mangá e Basquete, duas coisas que eu amo juntas!), coisa que eu não faria se não tivesse decidido vender. É meio que você ir numa festa de despedida de pessoas que eram muito suas amigas! Família! Mas que fazia tempo que você não via, mesmo gostando demais. Aí eles decidem se mudar e, ao se encontrar, você revive um monte de coisa legal, engraçada, triste, emocionantes e depois se despede. Se não fosse a despedida, vocês provavelmente não teriam esse momento juntos. No final, o sentimento é bom, é legal.

FB: Os mangás influenciaram na sua escolha pelo design?
WG: Não diretamente, acho que nesse caso foram mais os games mesmo. Mas lendo mangás que eu comecei a prestar mais atenção em coisas como traço e estilo de desenhos. Então acho que as discussões sobre diferentes mangakás (os quadrinistas japoneses) e seus estilos, pode ter desenvolvido essa sensibilidade em mim.

Quem tiver interesse em adquirir alguns dos mangás da coleção de Wilson, só clique aqui e aqui
 

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