Pelo menos 30 mil pessoas foram monitoradas de forma ilegal pela Abin
Irregularidades foram registradas pela PF
Foto: Agência Brasil/Tomaz Silva
A Polícia Federal (PF) está investigando se o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) continuou recebendo informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mesmo após deixar o cargo de diretor-geral. As investigações apontam que pelo menos 30 mil pessoas, incluindo autoridades, foram monitoradas de forma ilegal pelo órgão durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nesta quinta-feira (25), a PF realizou buscas contra Ramagem e outros suspeitos de envolvimento em espionagem ilegal. Segundo as investigações, foi utilizado um software israelense, o FirstMile, e os dados obtidos através do monitoramento de cidadãos brasileiros eram armazenados fora do país.
Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Passos, os alvos incluíam pessoas com posições contrárias às de Bolsonaro, como juízes, políticos, professores, jornalistas e sindicalistas.
Entre as autoridades ilegalmente monitoradas, estariam os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Operação "Vigilância Aproximada"
Em nota, a PF diz que cumpre 21 mandados de busca em Brasília (18), Minas Gerais (2) e Rio de Janeiro (1). A investigação apura o uso de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis da Abin sem a devida autorização judicial.
“As provas obtidas a partir das diligências executadas pela PF indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações”, diz a PF.
A corporação informou ainda que, além das buscas, há outras medidas alternativas à prisão sendo cumpridas, incluindo a suspensão imediata de sete policiais federais supostamente envolvidos no monitoramento ilegal.
A operação realizada nesta quinta-feira recebeu o nome de "Vigilância Aproximada" e representa um desdobramento da operação "Primeira Milha", que teve início em outubro de 2023 com o objetivo de investigar o suposto uso criminoso da ferramenta "FirstMile".