Pesquisa da Oxford e ONU aponta que 6 em cada 10 brasileiros defendem proteção da floresta como medida contra mudanças do clima
Os autores informaram que esta é a maior pesquisa de impressão da população já feita a respeito do aquecimento global
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Pesquisa inédita do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP) e do Departamento de Sociologia da Universidade de Oxford entrevistou 1,2 milhão de pessoas de 50 países para entender o nível de compreensão e apoio ao combate às mudanças climáticas. O relatório foi divulgado nesta quarta-feira (27).
Dados do Brasil
Segundo o levantamento, a principal causa de emissões dos gases do aquecimento global no país é o desmatamento. O documento aponta que 60% dos brasileiros que responderam o questionário apoiam a conservação da floresta como medida contra as mudanças do clima;
51% dos brasileiros apoiam mais investimentos em empresas e empregos sustentáveis, assim como outros países do G20: Reino Unido (73%); Alemanha, Austrália e Canadá (68%); África do Sul (65%); entre outros;
A conservação da floresta e dos territórios naturais é, entre as políticas abordadas pelo estudo, a forma mais popular entre os brasileiros como medida contra as mudanças do clima;
57% dos brasileiros apoiam um aumento do uso de carros e ônibus elétricos ou bicicletas;
69% do público com menos de 18 anos acredita que estamos em uma emergência climática.
Os autores informaram que esta é a maior pesquisa de impressão da população já feita a respeito do aquecimento global.
“Esta perspectiva é agora mais necessária do que nunca, já que os países em todo o planeta estão no processo de desenvolvimento de novas promessas nacionais contra o aquecimento global, dentro do Acordo de Paris”, diz o relatório.
Emissões brasileiras
Conforme os dados mais recentes, as emissões dos gases do efeito estufa no Brasil aumentaram 9,6% em 2019, em comparação com 2018. Eles fazem parte do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgado pela organização não-governamental Observatório do Clima (OC), rede de 56 organizações da sociedade civil.
As emissões foram puxadas pela alta do desmatamento na Amazônia;
Foram 2.17 bilhões toneladas de CO² em 2019;
Em 2018, foram 1,98 bilhão em 2018;
Uso da terra (inclui desmatamento) e agropecuária somam 72% das emissões do país;
O setor de energia responde por 19% do total.
O Brasil está em sexto lugar entre maiores os emissores do mundo - ou em quinto lugar, se não for considerada a União Europeia. As emissões de CO² - principal gás do aquecimento global - por cada indivíduo também estão acima da média do planeta (7,1 toneladas): cada brasileiro gerou 10,4 toneladas no ano passado.
Demissões na área de combate às mudanças do clima
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), em fevereiro de 2020, demitiu duas autoridades de alto escalão que atuavam no combate às mudanças climáticas, deixando os postos vagos em um momento no qual o país está sob os holofotes por causa dos gases de efeito estufa liberados pela devastação da Amazônia.
O ministério informou, na época, que "as substituições na Secretaria de Relações Internacionais visam dar nova dinâmica para a agenda de adaptação às mudanças climáticas da pasta", sem dar detalhes. O governo do presidente Jair Bolsonaro já havia reduzido a ênfase na área que combate o aquecimento global dentro do ministério, transformando um cargo de nível de secretário para a mudança climática em uma diretoria.