PF indicia 'Colômbia' como mandante e diz que Bruno Pereira e Dom Phillips morreram ao fiscalizar crimes
Inquérito mostra que participação de organização criminosa resultou em ameaças aos servidores de proteção ambiental e populações indígenas
Foto: Reprodução
A Polícia Federal indiciou Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como "Colômbia", como mandante dos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em 2022, no Vale do Javari, no Amazonas.
O documento foi concluído na sexta-feira (1º) e encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), mas divulgado nesta segunda-feira (4).
Segundo a investigação, "Colômbia" forneceu cartuchos para a execução do crime, patrocinou financeiramente as atividades da organização criminosa e interveio para coordenar a ocultação dos cadáveres das vítimas.
Ao todo, são nove indiciados, mas apenas Rubén aparece como mandante. Ele está preso desde 2022 e é investigado também pelo crimes de pesca ilegal e tráfico de drogas.
A investigação confirmou que os assassinatos ocorreram devido às fiscalizações realizadas por Bruno Pereira na região. O inquérito mostra que a ação dos criminosos resultou em ameaças aos servidores de proteção ambiental, as populações indígenas, além de causar impactos socioambientais.
O crime
Dom Phillips era um jornalista britânico veterano na cobertura internacional. Ele foi colaborador dos jornais "Washington Post", "The New York Times" e "Financial Times", e estava no Brasil há aproximadamente 15 anos.
Já Bruno Pereira era um dos maiores especialistas em indígenas que vivem em isolamento no Brasil. Ele ingressou na Funai em 2010, em um dos últimos concursos públicos promovidos pelo órgão. Chegou a ser coordenador regional do Vale do Javari, com sede na cidade de Atalaia do Norte (AM), mas deixou o cargo em 2016 após um intenso conflito registrado entre povos isolados da região.
Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez no dia cinco de junho, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael.
Os restos mortais deles foram achados em 15 de junho. As vítimas foram mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. A polícia achou os restos mortais dos dois após um dos suspeitos, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, confessar envolvimento.
Além de Amarildo e 'Colômbia', também foram acusados por participação no crime Jefferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha", custodiado na Penitenciária Federal de Campo Grande; Jânio Freitas de Souza, apontado como braço direito do mandante, presos; Oseney da Costa de Oliveira, o "Dos Santos", em regime domiciliar.
Em junho deste ano, a Justiça Federal tornou réus outros cinco homens que teriam participado do crime. Francisco Conceição de Freitas, Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa de Oliveira vão responder pelos crimes de ocultação de cadáver. Todos foram indiciados e respondem em liberdade.