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PMs tentaram matar e ocultar crime contra major em Goiás

Oficial ficou em estado gravíssimo após tortura em curso do Bope

Por Da Redação
Ás

Atualizado
PMs tentaram matar e ocultar crime contra major em Goiás

Foto: Reprodução/ TJGO

Policiais militares do estado de Goiás torturaram, tentaram matar e forjaram a internação de um major da PM, durante um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Goiás. A conclusão foi apresentada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e pela Corregedoria da PMGO.

De acordo com as investigações, o major, que não teve o nome revelado, foi torturado com varadas, pedaços de madeira e açoites de corda durante três dias. Tudo isso fazia parte de um teste de resistência para a promoção da vítima dentro da corporação. O caso aconteceu em outubro de 2021.

Após a tortura, o major foi encaminhado para um hospital local, supervisionado por um coronel médico, que deu cobertura aos criminosos. A família da vítima, ele informou que o major estava com um quadro de Covid-19 e com 40% dos pulmões comprometidos.

“Certos de que o estado de saúde do ofendido havia atingido níveis críticos e que, por certo, ele não se recuperaria, preferiram aguardar até o seu esperado falecimento, quando poderiam entregar o seu corpo em um caixão lacrado à família, alegando a contaminação pela Covid e impedindo que os fatos viessem à tona e fossem investigados”, escreveu o Ministério Público na denúncia, assinada por três diferentes promotores como medida de segurança.

Após muita insistência, os familiares conseguiram a transferência para outra unidade de saúde, onde ficaram constatadas as lesões. O major levou tanta pancada que ficou em estado gravíssimo.

Em um primeiro momento, ele chegou ao Hospital de Urgências de Anápolis (Huana) em coma profundo, com lesão neurológica grave, sem responder a nenhum estímulo e com rabdomiólise, que é uma ruptura do tecido muscular que resulta na liberação de uma proteína no sangue, que, por sua vez, danifica os rins.

O major recebeu alta no dia 27 de outubro daquele ano, mas acabou tendo que ser internado novamente poucos dias depois porque contraiu uma infecção pelo cateter do tempo de internação. 

Ele conseguiu se recuperar consideravelmente, após muita fisioterapia, mas ainda tem uma perda parcial de movimentos de um lado do corpo e 30% dos rins comprometidos.

Crimes

O Ministério Público apresentou acusações de tentativa de homicídio e tortura por omissão contra os seguintes policiais: coronel Joneval Gomes de Carvalho Júnior, tenente-coronel Marcelo Duarte Veloso e coronel David de Araújo Almeida Filho.

Quanto ao capitão Jonatan Magalhães Missel, coordenador do curso do Bope, o MP fez denúncias por tortura direta ao major e tentativa de homicídio. Em relação ao cabo Leonardo de Oliveira Cerqueira e aos sargentos Erivelton Pereira da Mata e Rogério Victor Pinto, o Ministério Público os acusou de tortura.

Atualmente, apesar das denúncias, todos os policiais envolvidos no caso seguem trabalhando normalmente.

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