Poder de compra do brasileiro cai quase pela metade na última década, aponta levantamento
Inflação relevante e a baixa produtividade profissional estão entre os fatores que contribuíram para este cenário
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Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Durante o período de 2013 a 2023, o poder de compra dos brasileiros foi quase reduzido pela metade. Isso se deve ao fato de que os preços dos produtos nos mercados quase dobraram, enquanto o salário médio anual permaneceu praticamente estagnado em termos nominais.
De acordo com um estudo realizado pela consultoria financeira L4 Capital, o poder de compra do brasileiro caiu em todos os anos desde 2013. Em 2013, por exemplo, o brasileiro ganhava um salário médio anual sem descontar a inflação de R$ 38.484,44, e tinha disponível para gastar com serviços e produtos um total de R$ 3.028,05 por mês (o equivalente a R$ 36.336,65 por ano, considerando a inflação).
Essa quantia inclui despesas como mercado, aluguel, combustível e gastos pessoais. Com o tempo, no entanto, tornou-se cada vez mais necessário cortar itens da lista de compras. A necessidade de gastar mais também enxugou a carteira do brasileiro, já que o salário médio anual não acompanhou os reajustes de preços.
- O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, subiu 88% em 10 anos;
- O salário médio anual do brasileiro, considerando 13º e férias, por sua vez, aumentou cerca de 3% no período. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, o valor passou de R$ 38.484,44 para R$ 39.604,44.
Motivação
Conforme apontado por especialistas, a significativa perda de poder de compra no Brasil pode ser atribuída a dois principais fatores: uma inflação relevante e a baixa produtividade profissional.
Nos últimos 10 anos, o Brasil não experimentou um período deflacionário, indicando que, ano após ano, os preços dos itens compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aumentaram. Embora tenha havido algumas quedas em alguns meses, essas foram localizadas e não exerceram força suficiente para causar um recuo na média anual.
Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, destaca dois períodos específicos nos quais a inflação acelerou ainda mais: a crise de 2015 e a pandemia de Covid-19. Em ambos os casos, os preços aumentaram em torno de 10% ao ano, sem um correspondente aumento salarial.