Preços elevados geram reclamações contra companhias aéreas
Passageiros ainda sofrem com atrasos, cancelamentos e problemas com reembolso
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Não são apenas os preços das passagens aéreas vendidas pelas companhias brasileiras que têm aumentado os valores nos últimos meses, como mostrou reportagem do Metrópoles. As reclamações dos consumidores em relação à baixa qualidade dos serviços prestados também vêm aumentando, o que mostra como viajar de avião pelo país, mesmo que para relaxar durante as férias, tornou-se uma experiência cada vez mais difícil e penosa.
Levantamento da plataforma consumidor.gov.br, da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), que permite a comunicação direta entre consumidores e empresas para a solução de conflitos, indicam que, entre janeiro e novembro de 2023, 87.555 passageiros haviam registrado queixas sobre o serviço prestado pelas companhias no país.
Considerando apenas as reclamações sobre atraso de voos, por exemplo, foram 3.658. O número mais do que triplicou em um período de cinco anos – em 2018, foram 1.027 (aumento de 256%). Em 2022, o total de queixas sobre atrasos foi de 2.330.
A maior parte das reclamações está relacionada ao atraso na devolução de valores pagos indevidamente pelos clientes ou a problemas com reembolso por parte das companhias aéreas. Também são muito citados cancelamentos de voos, ofertas não cumpridas e publicidade enganosa.
A empresa de tecnologia AirHelp, que auxilia consumidores que se sentiram lesados pelas companhias, estima que mais de 2 milhões de passageiros foram afetados por atrasos ou cancelamentos de voos entre janeiro e agosto do ano passado, o que representa incremento de 25,8% em relação ao mesmo período de 2019. Em média, um em cada 30 passageiros sofreu com atrasos superiores a duas horas ou cancelamentos.
O cenário é tão preocupante que o governo federal decidiu, em dezembro, criar um comitê para discutir eventuais medidas que melhorem o atendimento aos consumidores no setor aéreo. O órgão deve ser composto por representantes da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), das principais companhias aéreas do Brasil e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que regula o setor. A primeira reunião deve ocorrer nos próximos dias.