Prefeitura de SP constrói muro ao redor da Cracolândia e ativistas comparam medida a campo de concentração
Ativistas estão relacionando nova medida com campos de concentração, e relatam casos de violência contra as pessoas
Foto: AgênciaBrasil/PauloPinto
A Prefeitura de São Paulo construiu um muro na Cracolândia, no Centro da cidade, para delimitar uma área e confinar os usuários de drogas. O muro tem cerca de 40 metros de extensão e 2,5 metros de altura, e fica na Rua General Couto Magalhães, na região da Santa Ifigência, perto da estação da Luz. Os usuários estão aglomerados atrás do muro, em uma área que também é cercada com gradis d'a Rua dos Protestantes, até Rua dos Gusmões.
A prefeitura argumentou que a medida visa melhorar o atendimento dos usuários, garantir mais segurança para as equipes de saúde e assistência social, além de facilitar o trânsito de veículos na região. A administração municipal também disse que, entre janeiro e dezembro de 2024, houve uma redução de 73,14% de pessoas no local.
ATIVISTAS RELACIONAM MEDIDA COM CAMPO DE CONCENTRAÇÃO
Um representante do coletivo "Craco Resiste" disse ao G1 que o muro fecha "triângulo no fluxo" e cria um "um campo de concentração de usuários". Os usuários são livres para sair e entrar no local, mas os guardas civis sempre os direcionam para a mesma área, segundo os ativistas. Para entrar no cerco, eles passam por revistas para retirar coisas ilícitas.
Outra ativista do coletivo, disse que o muro foi levantado para manter os usuários no espaço e "cobrir" a visão da Cracolândia para quem passa de carro pela Rua General Couto Magalhães. Ela criticou que a cidade presenciava cenas absurdas de violência contra as pessoas, e só piorou. "Parece visualmente um campo de concentração".
Segundo os ativistas, as pessoas estão encarceradas e os movimentos de direitos humanos são impedidos de entrar na área para prestar serviço a eles. Eles também disseram que o uso do spray de pimenta é uma medida comum para fazer com que eles voltem para a grade.
Os documentos da Subprefeitura da Sé, indicou que o muro começou a ser erguido no final de maio e foi concluído no final de junho. O aceite definitivo da obra, feito após a inspeção do local, ainda não aconteceu, segundo o processo administrativo.