Presidência paga ao menos R$ 24 mil em diárias para Janja levar quatro assessores a Roma
Procurada, a Presidência não informou os gastos totais com a ida dos assessores da primeira-dama
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Foto: Claudio Kbene | PR
A Presidência da República gastou pelo menos R$ 24 mil para bancar a ida de quatro assessores da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, para Roma. O valor corresponde apenas às diárias pagas a esses auxiliares e não inclui passagens e hospedagens.
Janja foi designada pelo presidente Lula (PT) para representar o Brasil numa reunião de governança do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, dos dias 10 a 12 de fevereiro, na capital italiana.
As diárias foram pagas a Claudio Adão Souza, Taynara Cunha, Edson Pinto e Julia Silva. Todos são servidores lotados na Presidência da República, responsável pelos pagamentos. Cada um recebeu R$ 6 mil, referentes a 2,5 diárias internacionais. O governo autorizou o afastamento dos assessores dos dias 9 a 14 de fevereiro.
Procurada, a Presidência não informou os gastos totais com a ida dos assessores da primeira-dama, incluindo passagem e hospedagem, e afirmou que os dados deveriam ser buscados com a assessoria de Janja. A equipe da primeira-dama não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Janja foi oficialmente convidada para o evento pelo chefe do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT). Sem o convite, ela não poderia viajar para representar o governo, de acordo com a legislação em vigor.
A pasta disse que as informações da comitiva e os gastos estarão disponíveis quando forem publicados no Diário Oficial da União, mas não deu data para quando isso irá acontecer. O prazo varia a critério do órgão responsável pelos dados, mas pode chegar a uma semana.
Questionado sobre a razão do convite à primeira-dama para representar o Brasil no evento, o Ministério do Desenvolvimento Social também recomendou que a reportagem procurasse a equipe de Janja, sob o argumento de que a assessoria da primeira-dama poderia "oferecer o suporte mais adequado para essa questão".
A primeira-dama terá como principais focos de sua atuação, ao longo de 2025, os eventos sociais da COP30, a conferência do clima da ONU (Organização das Nações Unidas), e a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa lançada no encontro do G20.
Em novembro de 2024, quando o presidente Lula lançou a Aliança Global em evento do G20 no Rio de Janeiro, Janja organizou um festival cultural e social que, pelo envolvimento da primeira-dama, ficou conhecido como Janjapalooza.
Além da participação no encontro do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, a equipe de Janja informou que a primeira-dama deve ter uma audiência com o papa Francisco e um encontro com a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos, da ONU. O retorno ao Brasil está previsto para quinta-feira (13).
Apenas no início deste mês a primeira-dama passou a divulgar a sua agenda institucional, após críticas sobre a opacidade da sua atuação no governo. A publicação começou a ser feita em sua conta no Instagram.
Desde 2023, há uma cobrança por maior transparência em torno de compromissos, participações e declarações de gastos de Janja, cuja presença na agenda oficial de Lula se intensificou no decorrer do mandato.
A primeira-dama não tem a obrigação legal de divulgar diariamente uma agenda pública, por não ser ocupante de um cargo oficial. No entanto, essa é a primeira vez que uma primeira-dama despacha diariamente no Palácio do Planalto e participa de reuniões políticas de trabalho do Executivo.
As omissões e o sigilo acerca dos gastos do governo federal com viagens e demais despesas de Janja também são alvo de críticas à gestão e criaram a demanda por uma declaração mais transparente de suas atividades.
Em um caso recente, o governo federal se recusou, em quatro instâncias, a responder a um pedido feito de acordo com a Lei de Acesso à Informação sobre o local de hospedagem e os gastos da primeira-dama em uma viagem a Nova York. Na ocasião, ela integrava a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres durante a 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU.