Presidente de Timor-Leste defende que dívidas de países pobres sejam perdoadas
José Ramos-Horta fez declaração durante Assembleia-Geral das ONU
Foto: X / ONU
O presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, criticou as instituições financeiras internacionais por “continuarem indiferentes” aos pedidos de cancelamento da dívida dos países mais pobres, e defendeu várias iniciativas para uma transição energética justa. A declaração foi feita na última quinta-feira (21), na 78.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
“Digo isto aos bancos e a outras instituições de crédito: cancelem esta maldita dívida”, disse Ramos-Horta. Para ele, “continuamos a testemunhar os presidentes super-ricos de bancos e países credores que, mesmo confrontados com a agonia da pobreza e o aumento do custo de vida nos países mais empobrecidos, continuam indiferentes aos apelos internacionais para o cancelamento da dívida”.
Segundo Ramos-Horto, Timor-Leste até tem bons indicadores financeiros, a começar pelo rácio de dívida face ao PIB nos 16%, “um dos mais baixos do mundo”. Desde 2012, foram contraídos mil milhões de dólares em dívida, com uma taxa média de 2%, que contrasta com juros à volta de 10% exigidos aos países africanos nas emissões financeiras internacionais.
“Precisamos de uma nova perspectiva sobre o nexo climático e de segurança, que confronte os impactos das alterações climáticas e da degradação ambiental na paz e segurança e que garanta que a busca de uma transição energética não piora a situação de segurança nos países frágeis”, disse Ramos-Horta, anunciando uma “iniciativa ousada nesta área”.
A iniciativa quer acelerar a transição energética dos Estados dependentes de petróleo e gás, prevenindo perturbações sociais, explicou, considerando que as atuais medidas não dão a devida atenção aos países de baixo rendimento e aos pequenos e isolados arquipélagos.
“O efeito combinado do desbloqueio do financiamento através do alívio da dívida, da aceleração do financiamento internacional a baixas taxas de juro e a um aumento significativo da ajuda oficial ao desenvolvimento, vai permitir a estas nações embarcarem em projetos que fomentam o desenvolvimento de indústrias limpas e, ao mesmo tempo, lidar com as perdas e danos resultantes das alterações climáticas”, afirmou Ramos-Horta.