Primeiro-ministro da Itália renuncia e abre negociações para formação de novo governo

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, entregou sua renúncia nesta terça-feira (26) ao presidente da República, Sergio Mattarella, logo após comunicar formalmente suas intenções ao Conselho de Ministros. A manobra arriscada do premier é uma tentativa de formar um novo governo diante da crise política iniciada há pouco mais de duas semanas, depois que o partido de centro Itália Viva, ao qual pertence o antigo ocupante do cargo, Matteo Renzi, abandonou a coalizão governamental, o que a deixou sem maioria parlamentar. Com isso, o país entra em um cenário de incerteza que deverá se resolver dentro de 48 horas. 

Conte, um jurista sem partido, estava no poder desde as eleições de 2018, que resultaram, como é comum na Itália, em um Parlamento fragmentado. Sua primeira coalizão, que acabou em setembro de 2019, era formada pelo antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e pela Liga, de extrema direita, que saíram daquele pleito com as maiorias bancadas. Com a saída da Liga, Conte passou a presidir uma coalizão de sinal político oposto, formada pelo M5S, o Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, e as siglas menores Itália Viva e Livres e Iguais.

Agora, Conte (hoje o político mais popular da Itália, com 60% de aprovação pela sua condução da pandemia da Covid-19) pediu ao presidente Mattarella que o encarregue de formar o terceiro Gabinete em três anos. Mattarella fará consultas nesta quarta (27) e na quinta-feira (28) para apurar o grau de solidez de um novo governo liderado por Conte. Neste intervalo, outros pretendentes poderão também se apresentar para formar uma nova maioria. O objetivo é solucionar a crise até o final de semana, evitando a convocação de novas eleições.