Procurador faz desabafo sobre mensagens relacionadas a investigação da Lava-Jato
Mensagens vieram a público após hackers terem invadido aplicativo usado por Deltan Dallagnol
Foto: Reprodução/MPF
Ex-integrante da força-tarefa da Operação Lava-Jato de Curitiba, o procurador regional Orlando Martello enviou um e-mail aos seus colegas fazendo um desabafo sobre o teor dos diálogos mantidos entre os procuradores da operação, que vieram a público após hackers terem invadido o aplicativo Telegram usado pelo procurador Deltan Dallagnol. Martello afirma que o grupo de conversas era "uma área livre, uma área de descarrego em que expressávamos emoção, indignação, protesto, brincadeiras" e que, por conta disso, "podemos ter extrapolado muitas vezes".
Chega a comparar o espaço com um “ambiente de botequim”, para deixar claro que eram conversas informais e passar o recado de que aqueles pensamentos não interferiam na atuação técnica da força-tarefa, dizendo que “sempre prevaleceu a razão”. Ele afirma não se recordar da maior parte das conversas, mas não chega a contestar a autenticidade dos diálogos. Diz que as conversas foram tiradas do contexto, o que distorceu o sentido das frases ditas. É a primeira vez que um procurador da Lava-Jato comenta o teor dos diálogos, cuja autenticidade vinha sendo contestada por eles desde o início da revelação das conversas no ano passado.
"Sinceramente, não me recordo da grande maioria das mensagens... e digo isso com sinceridade mesmo! Foram tantas mensagens, muitas em finais de semana, em dias festivos, de madrugada. Fizemos várias intervenções em plantão de recesso, uma prisão no dia 31, um pouco antes da virada do ano. Certamente os diálogos da época podem estar permeados com sons de brindes de espumante e cardápio da ceia. Mas não estou aqui para negar as mensagens, mas para dar satisfação!", escreveu.