Produtos vendidos pela Rússia e Ucrânia devem ficar mais caros
Devido à guerra, que tem causado interrupções no fornecimento de grãos e metais, os preços têm sofrido forte alta
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A guerra entre Rússia e Ucrânia sacudiu os mercados de matérias-primas do mundo. Os preços dispararam devido ás interrupções no fornecimento, visto que, com o conflito, o fluxo de grãos e metais vindos da região foram bloqueados.
Os dois países do Leste Europeu que estão em guerra possuem papeis estratégicos no mercado internacional por serem grandes exportadores de trigo e cereais, petróleo, gás natural, carvão, ouro e outros metais preciosos
A guerra acabou afetando a produção interna da Rússia e da Ucrânia e, como consequência, a distribuição para o resto do mundo, fazendo com que os preços sofram uma exponencial alta.
Essa situação tem sido descrita por especialistas como "catastrófica" por muitos países, principalmente para os mais pobres. Além disso, há também temores sobre o impacto dessa falta de matéria-prima para os países que ainda se recuperam da crise econômica causada pela pandemia de Covid-19.
Veja os principais produtos de exportação da Rússia e da Ucrânia que estão com a distribuição afetada pela guerra:
1. Energia
A Rússia ocupa o terceiro lugar no ranking de países exportadores de petróleo do mundo e é um dos maiores exportadores de gás.
Antes da guerra, o país fornecia 1 em cada 10 barris de petróleo que o mundo consumia. No entanto, com a guerra e o anúncio de Estados Unidos, Canadá e Reino Unido proibindo a compra de produtos de energia russos, o mercado internacional de petróleo enfrenta sua maior turbulência desde a década de 1970.
Especialistas afirmam que há poucas alternativas para substituir as exportações russas de aproximadamente 5 milhões de barris por dia.
2. Alimentos
A Rússia e a Ucrânia são grandes exportadores de alimentos; os países são conhecidos como "celeiro da Europa" e representam 29% das exportações globais de trigo e 19% das de milho, segundo dados do banco JP Morgan.
Em algumas bolsas do mundo, o trigo tem sido negociado pelos maiores valores em 14 anos.
Além de trigo e milho, a Ucrânia também é o maior produtor mundial de azeite de girassol; e a Rússia ocupa o segundo lugar, segundo a S&P Global Platts. Os dois países, juntos representam 60% da produção mundial.
O trigo e o azeite de girassol são matérias-primas importantes, utilizadas em muitos produtos alimentícios. Caso a colheita ou o processamento desses produtos, ou se as exportações forem interrompidas, as nações têm que buscar formas de substituir esse fornecimento.
Analistas da área indicam que o impacto da guerra na produção dessas matérias-primas pode fazer com que o valor duplique no mercado internacional. Isso pode afetar, de forma grave, diversos países que dependem das importações de grãos vindas da região do Mar Negro.
3. Metais
A Rússia é um dos maiores fornecedores de metais do mundo, indo de latas de alumínio a cabos de cobre e componentes de automóveis. Somente em alumínio, o país é o quarto exportador global e um dos cinco principais produtores mundiais de aço, níquel, paládio e cobre.
Segundo analistas, qualquer interrupção na oferta de paládio poderia criar sérios problemas para os fabricantes de carros.
A Ucrânia também é um fornecedor importante e possui grande participação mundial na venda de paládio e platina.
Essa situação significa que com a guerra entre essas duas nações, o mundo verá um aumento paulatino dos preços de produtos enlatados e cabos de cobre.
4. Néon
Um dos principais provedores de gases raros purificados, como criptônio e o néon (ou neônio), este último essencial para a fabricação de semicondutores, a Ucrânia representa 70% das exportações mundiais dessas matérias-primas.
Mais de 90% do néon usado pela indústria de chips dos EUA vem da Ucrânia. Ou seja, a alteração no abastecimento desse produto pode agravar uma escassez que já é um problema significativo desde 2021.
"Como a Rússia fornece mais de 40% do abastecimento mundial de paládio, e a Ucrânia produz 70% do fornecimento mundial de néon, podemos esperar que a escassez mundial de chips piore se o conflito militar persistir", escreveu Tim Uy em um relatório recente da Moody's Analytics.