Proliferação de vegetação na margem da Lagoa do Abaeté é sinal de poluição, diz promotora
De acordo com a promotora de Justiça, o problema ainda não havia sido resolvido pois obras de saneamento "não dão votos"
Foto: Brenda Viana e Luiz Felipe Fernandez
A promotora Ana Luzia Santana, responsável por analisar o relatório do Ministério Público da Bahia sobre a construção da Estação Elevada de Esgoto no Abaeté, declarou durante uma coletiva de imprensa que aconteceu hoje (28), que a lagoa está poluída por causa do aumento das plantas em sua margem.
De acordo com a promotora, a sujeira "invisível", como é apontada pela magistrada, vem crescendo nos últimos anos por causa da falta de um esgotamento adequado no Parque. A promotora de Justiça ainda admitiu surpresa com a indignação de parte da comunidade, que chegou a protestar contra a obra na área de proteção ambiental.
Ainda segundo a promotora, o problema ainda não havia sido resolvido pois obras de saneamento "não dão votos". "As obras de saneamento não dão voto. De modo geral, tinha reuniões com prefeitos, eles diziam que essas obras as pessoas não dão o devido valor. A poluição que as pessoas não estão vendo, já está ali há algum tempo. Diante de uma obra que se permite que retire o esgoto, a população está contra? Vivemos um momento surreal, obras de saneamento, precisamos focar nisso".
Em comparação com a poluição na região de Jaguaribe, a promotora disse que as "linhas negra" indicam a presença de esgoto e que não teve a mesma atenção da população. "A população precisa ter todo o esgoto gerado, isso evita doenças, deixa os ambientes mais limpos, praias mais limpas. Aquela linha negra, que vez por outra aparece na praia de Jaguaribe, região, aquilo é esgoto bruto que está na praia. Não houve essa comoção, não passamos seis meses falando nisso".
A lagoa do Abaté foi tema do carnaval da Viradouro neste ano. A escola de samba do Rio de Janeiro, contou a história das ganhadeira de Itapuã que, em suas margens, ajudaram a manter vivas muitas das tradições ancestrais que enriquecem a cultura de Salvador.
Além de ser uma área de proteção ambiental, a lagoa do Abaeté também é considerada um local sagrado para as religiões de matriz africana.